sábado, 8 de janeiro de 2011

A Herética Teologia da Prosperidade

Introdução


A herética teologia da prosperidade está desmoralizada e detonada pela atual crise econômica mundial, e ironicamente onde ela nasceu: nos Estados Unidos, no mesmo país onde também se originou essa terrível crise.


Essek W. Kenyon (1867-1948) foi o pensador americano na dimensão cristã do poder da confissão positiva da fé. Ele foi metodista, batista e depois um pregador pentecostal itinerante.

Podemos afirmar que o verdadeiro pai da teologia da prosperidade é outro pregador americano Kenneth E. Hagin (1917-2003). Ele foi batista e depois pentecostal. Após três visitas ao inferno e ao céu, converteu-se a Jesus. Sua meditação em Marcos 11, 23 e 24, chegou à conclusão de que era necessário crer, determinar verbalmente a fé e agir como se já tivesse posse da bênção, ou seja, “creia no seu coração, determine com as suas palavras e receba a bênção”.


A bênção, a cura, milagre e a prosperidade têm como fundamento a “confissão positiva da fé com a devida determinação”. Focalizar, visualizar o bem que deseja receber e determinar como filho de Deus de que você tem direito na bênção de Abraão, em Isaías 53 e em Filipenses 4:13.

Esse era o entendimento de Hagin, fez disso o seu ministério e a árvore de seus escritos, não precisa afirmar que a sua raiz foi completa e profundamente herética.

A POBREZA AMERICANA
Nos Estados Unidos, os sociólogos estão estudando um grupo ao qual aplicam o termo “quase pobres”. O risco de essas pessoas ficarem pobres é muito grande nos dias de hoje. Mais de 50 milhões de indivíduos estão nessa situação, apesar da grande riqueza do país.


Há 2,3 milhões de pessoas presas nos Estados Unidos e a população carcerária quadruplicou desde 1980. Há uma taxa de 750 presos por cem mil habitantes, a mais alta do mundo (1).


36,5 milhões de seus cidadãos vivem abaixo da linha da pobreza, segundo o Departamento de Saúde e Serviços Humanos. A eles, poderão se juntar outros 10,3 milhões de novos empobrecidos nos próximos meses.


17% das crianças vivem na pobreza: destas, 2 milhões, em extrema miséria.


O food stamps, programa federal que distribui às famílias um carnê, utilizado para a aquisição de bens de primeira necessidade, atende 29 milhões de pessoas.


São 45,7 milhões de norte-americanos sem assistência médica.

Em novembro de 2008, o percentual de desocupados era de 6,7 da população, a mais alta taxa dos últimos 14 anos, e agora em 2010 este percentual exorbitante passou para mais de 17% da população.

Cresceu entre 35 e 40% a afluência dos pobres aos bancos alimentares, segundo a America’s Second Harvest. As doações, porém, aumentaram apenas 18%. (2).

DETONANDO A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE


A teologia da prosperidade é a base doutrinária das igrejas neopentecostais. Ela gera literaturas “ditas cristãs” de auto-ajuda, confissão positiva, batalha espiritual, determinação da bênção, quarta dimensão, sacrifícios por meios de dízimos e ofertas (fogueira de Israel), encontros de células e G12 da onda apostólica.

É fácil identificar as igrejas neopentecostais pelo seu triunfalismo exacerbado, liderança centralizadora e autoritária, seus líderes tem idolatria pela mídia, pregam demasiadamente a total saúde e riqueza, falam demais nos demônios como causadores de todas as desgraças e misérias, atacam vergonhosamente os profetas, atalaias e os eleitos que se levantam contra a apostasia nas igrejas e que se opoem a esta teologia humanística, e finalmente em cima da boa fé dos fiéis constroem seu poderoso império religioso e financeiro.

Certo missionário neopentecostal disse pregando: Quando acreditamos na Palavra de Deus, ganhamos o poder de expulsar de nós e de nossos familiares os demônios do desemprego, da separação de casais, dos vícios, da prostituição e de tudo que é mal. A partir daí, todos os males vão embora, a pessoa prospera e tem vida em abundância. (3).

Os fatos a seguir provam que esse pregador mente e todos aqueles que ensinam a teologia da prosperidade e seus congêneres.


1. A FAO divulgou as novas estimativas sobre a fome no mundo: 2008 deverá terminar com 963 milhões de subnutridos, 40 milhões a mais que em 2007 (4).


2. Diante da perspectiva de 50 milhões de novos desempregados até o final de 2010, segundo estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT). (5) O Fundo Monetário Internacional (FMI) informou ontem que a crise econômica mundial vai afetar mais profundamente as economias, reduzindo o crescimento e fazendo o Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos em um país) global encolher 1,3% – o mesmo percentual de retração previsto para o Brasil. Em janeiro, o FMI ainda estimava que a economia brasileira cresceria 1,8% este ano. Para 2010, o organismo prevê que o Brasil crescerá 2,2%, contra os 3,5% estimados anteriormente. A queda da economia mundial será a maior desde a Segunda Guerra Mundial, com recessão atingido 75% das economias do planeta, segundo o estudo “Perspectivas para a economia mundial”, divulgado ontem. Os países da América Latina, como um todo, vão encolher 1,5% afetados, principalmente, pela queda nos preços internacionais das matérias-primas exportadas pela região. (O Globo, 23/04/09, p.17).


3. Nas últimas duas décadas, o número de favelados dobrou na Índia. Um relatório das Nações Unidas estima que daqui a 20 anos metade da população estará em favelas, com o aumento do fluxo migratório do campo para a cidade. Um quarto dos indianos esta abaixo da linha da miséria, sobrevivendo com menos de US$ 1 por dia (6).

Dados do Instituto Municipal Pereira Passos (IPP) concluiu que o Rio de Janeiro ganhou mais 218 novas favelas. Elas são agora 968, contra 750 registradas em 2004, ano do último levantamento do Instituto (7).

O americano Ronald J. Sider, professor de teologia e de políticas públicas, colaborador da Cristianity Today e autor do livro “O Escândalo do Comportamento Evangélico”, escreve: “Nos Estados Unidos o divórcio é mais comum entre crentes 'nascidos de novos [que se dizem realmente convertido]' do que entre a população em geral” (8).


4. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em qualquer época, mais de 150 milhões de pessoas sofrem de depressão, cerca de 25 milhões sofrem de esquizofrenia, e 38 milhões de epilepsia. No Brasil, nos primeiros anos do século XXI 17 milhões de pessoas foram diagnosticadas como depressivas, com o apoio desses dados e estatísticas, considerando a hipótese de que a depressão poderia estar se tornando um sintoma social no século XXI, diz a doutora em psicanálise pela PUC de São Paulo, Maria Rita Kehl (9).

De acordo com a (OMS), até hoje, cerca de 60 milhões de pessoas foram infectadas com o HIV, e cerca de 20 milhões morreram de AIDS. A vasta maioria das vítimas do HIV não tem acesso a tratamento adequado.


5. O número de divórcios no Brasil bateu recorde em 2007, quando a figura legal da dissolução do matrimônio completou 30 anos no país. Foi 179.342 registros de divórcios no ano passado, um número 200% maior do que o verificado em 1984, segundo dados divulgados na pesquisa Estatística do Registro Civil 2007, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (10).


Diante de tantos problemas sociais e humanos, não são oportunistas como: magos, gurus, astrólogos, profetas, médiuns e pregadores carismáticos e pentecostais da teologia da prosperidade que vão solucionar, ao contrário, os tais ganham muito dinheiro em cima do doente, do desempregado, do desesperado, da dor e do sofrimento das pessoas?


Tais pregadores são aves de rapina com o seu falso evangelho.


O Apóstolo Paulo chama esses pregadores de lobos cruéis (Atos 20:29), cães (Fl 3:2), falsificadores da Palavra de Deus (2 Cor 2:17), corruptos (2 Tm 3:1-8), apóstolos de Satanás (2Cor 11:13-15) e de hereges (Tito 3:10.11), porque eles pregam outro Jesus, outro espírito e outro evangelho (2 Cor 11:4).
Igrejas sérias com pastores sérios sofrem constrangimentos por causa desses fraudulentos mercadejantes do enganoso evangelho da saúde e da riqueza.


O ilustre historiador britânico e professor de História e Religião na Penn State University, nos Estados Unidos, Philip Jenkins escreve: “Os grupos pentecostais têm o tipo de Deus capaz de solucionar meus problemas de hoje e de amanhã. As pessoas de hoje buscam soluções, e não a eternidade”.


Philip ainda critica com justiça esses mercenários da fé dizendo: “Em sua pior versão, um evangelho de fé voltado para o sucesso e a saúde pode promover abusos e materialismo, e é fácil escarnecer dele” (11).

CONCLUSÃO

O pregador temente ao bom Deus não prega a si próprio e nem as suas próprias ideologias contrárias ao santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. O arauto do Evangelho de Cristo não inventa, não recebe e nem passa adiante outro evangelho, pelo contrário, condena categoricamente todo evangelho espúrio. O proclamador das Boas Novas exerce a nobre missão numa única visão: “por amor a Cristo”. Por amor a Cristo significa: “Pregar a verdade que liberta o pecador da perdição eterna e das garras dos falsos pregadores.

Para o verdadeiro pregador da gloriosa Palavra de Deus, não existe outro interesse, ao não ser o amor e paixão pela salvação das almas e por amor ao nosso Eterno Redentor.


Como verdadeiros profetas e eleitos de Deus podem morrer doentes (Eliseu 2 Rs 13:14), podem se tornar escravos (Daniel Dn 1:1-6), podem viver pobres (os apóstolos Mt 10:7-10; Atos 3:6; 2 Cor 11:25-28), podem ficar e viver doente (Epafrodito Fl 2:25-27; Timóteo, 1 Tm 5:23). Podemos usar como exemplo, o mistério do espinho na carne do maior apóstolo e teólogo de todos os tempos: Paulo (2 Cor 12:7-10).

Com todas as incompatibilidades, nada, absolutamente nada, impede ao fiel ministro de Cristo de anunciar às Boas Novas da salvação. Há um grande poder que move o servo pregador de Deus a essa mais alta missão do mundo: “O amor a Cristo Jesus, Nosso Senhor e Salvador.

Como é magnífico viver para amar e executar o projeto d’Aquele que na cruz nos amou primeiro.

NOTAS

(1) O Globo, 21/09/2008, p.31.

(2) Mundo e Missão, Março de 2009, p.17.

(3) Jornal Show da Fé, nº 32, pp. 12 e 19.

(4) Valor, sexta-feira e fim de semana, 2,3 e 4 de janeiro de 2009, p.A10.

(5) O Globo, 19/04/2009, p.25.

(6) O Globo, 01/03/2009, p.37.

(7) O Globo, 11/01/2009, p.14.

(8) Ultimato, Março-Abril, 2007, PP. 64 e 65.

(9) Valor, sexta-feira e fim de semana, 3,4 e 5 de Abril de 2009, p.17.

(10) Jornal do Brasil, 05/12/2008, p.A5.

(11) JENKINS, Philip. A Próxima Cristandade, Rio de janeiro: Record, 2004, p.112.

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