quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Nomes Estranhos de Igreja

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010DIVIRTA-SE: Nome engraçado de algumas Igrejas!

Para quem imagina que já viu de tudo no meio evangélico, eis uma relação de nomes de igrejas, Diferentes, Engraçados ou Estranhos. Deixe seu comenário no final da Matéria.
Você ja viu algum nome de Igreja que achou no minimo Diferente, Engraçado ou Estranho? No final dessa Matéria, deixe seu comentário e diga o nome da Igreja que você acha Diferente, Engraçado ou Estranho.
Veja abaixo alguns nomes

Segue abaixo uma lista de nomes engraçados/esquisitos de Igrejas:

Igreja da Água Abençoada
Igreja Adventista da Sétima Reforma Divina
Igreja da Bênção Mundial Fogo de Poder
Congregação Anti-Blasfêmias
Igreja Chave do Éden
Igreja Evangélica de Abominação à Vida Torta
Igreja Batista Incêndio de Bênçãos
Igreja Batista Ô Glória!
Congregação Passo para o Futuro
Igreja Explosão da Fé
Igreja Pedra Viva
Comunidade do Coração Reciclado
Igreja Evangélica Missão Celestial Pentecostal
Cruzada de Emoções
Igreja C.R.B. (Cortina Repleta de Bênçãos)
Congregação Plena Paz Amando a Todos
Igreja A Fé de Gideão
Igreja Aceita a Jesus
Igreja Pentecostal Jesus Nasceu em Belém
Igreja Evangélica Pentecostal Labareda de Fogo
Congregação J. A. T. (Jesus Ama a Todos)
Igreja Barco da Salvação
Igreja Evangélica Pentecostal a Última Embarcação Para Cristo
Igreja Pentecostal Uma Porta para a Salvação
Comunidade Arqueiros de Cristo
Igreja Automotiva do Fogo Sagrado
Igreja Batista A Paz do Senhor e Anti-Globo
Assembléia de Deus do Pai, do Filho e do Espírito Santo
Igreja Palma da Mão de Cristo
Igreja Menina dos Olhos de Deus
Igreja Pentecostal Vale de Bênçãos
Associação Evangélica Fiel Até Debaixo D’Água
Igreja Batista Ponte para o Céu
Igreja Pentecostal do Fogo Azul
Comunidade Evangélica Shalom Adonai, Cristo!
Igreja da Cruz Erguida para o Bem das Almas
Cruzada Evangélica do Pastor Waldevino Coelho, a Sumidade
Igreja Filho do Varão
Igreja da Oração Eficiente
Igreja da Pomba Branca
Igreja Socorista Evangélica
Igreja ‘A’ de Amor
Cruzada do Poder Pleno e Misterioso
Igreja do Amor Maior que Outra Força
Igreja Dekanthalabassi
Igreja dos Bons Artifícios
Igreja Cristo é Show
Igreja dos Habitantes de Dabir
Igreja ‘Eu Sou a Porta’
Cruzada Evangélica do Ministério de Jeová, Deus do Fogo
Igreja da Bênção Mundial
Igreja das Sete Trombetas do Apocalipse
Igreja Pentecostal do Pastor Sassá
Igreja Sinais e Prodígios
Igreja de Deus da Profecia no Brasil e América do Sul
Igreja do Manto Branco
Igreja Caverna de Adulão
Igreja Este Brasil é Adventista
Igreja E.T.Q.B (Eu Também Quero a Bênção)
Igreja Evangélica Florzinha de Jesus
Igreja Cenáculo de Oração Jesus Está Voltando
Ministério Eis-me Aqui
Igreja Evangélica Pentecostal Creio Eu na Bíblia
Igreja Evangélica A Última Trombeta Soará
Igreja de Deus Assembléia dos Anciãos
Igreja Evangélica Facho de Luz
Igreja Batista Renovada Lugar Forte
Igreja Atual dos Últimos Dias
Igreja Jesus Está Voltando, Prepara-te
Ministério Apascenta as Minhas Ovelhas
Igreja Evangélica Adão é o Homem
Igreja Evangélica Batista Barranco Sagrado
Ministério Maravilhas de Deus
Igreja Evangélica Fonte de Milagres
Comunidade Porta das Ovelhas
Igreja Pentecostal Jesus Vem, Você Fica
Igreja Evangélica Pentecostal Cuspe de Cristo
Igreja Evangélica Luz no Escuro
Igreja Evangélica O Senhor Vem no Fim
Igreja Pentecostal Planeta Cristo
Igreja Evangélica dos Hinos Maravilhosos
Igreja Evangélica Pentecostal da Bênção Ininterrupta
Igreja Evangélica Pentecostal Bailarinas da Valsa Divina
Os nomes contidos nessa matéria é uma lista enviada por usuários que acham o nome Diferente, Engraçado ou Estranho.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Chavões de púlpito e o re-té-té de Jeová

Eis aí vários jargões utilizados por pregadores exaltados e crentes exagerados que tentam inflamar a congregação ou tirar proveito para si.
Vale a pena ler, rir, e evitar falar esses chavões...

"Grita meu irmão!!!! põe a BOCA no mundo !!!Deus não é surdo mas o diabo precisa ouvir!!!!!!!!"
"Passa o prumo Jesus""
"É Glória misturada com Aleluia"
"Eeeita cajado bom"
"É verdade, Jesus!"
"O homem de branco tá passando" (o pai de santo tá na igreja,rsrs)"
"Fala em mixxxtério"
"Da um gloria de rachar as costas!"
"Dá glória a Deus, crente, quanto mais se manda glória pra cima, mais glória Deus manda aqui pra baixo."
"Quando vc dá glória e aleluia o diabo treme!!!"
"Grita bem forte pro diabo, no mundo dizem que não sabem pq os crentes gritam tanto, dizem que Deus não é surdo, mas o diabo é, por isso dá glória a Deus bem forte pro diabo ouvir : GLÓRIA A DEEEEEEUUUUSS!!!"
" O cair é do homem, mas o levantar é de Deus" (de Deus?!)
"O crente não pode ser pobre, pobre é o diabo que não tem nem a chave da casa dele, pq Jesus foi lá no inferno e tomou." (Jesus tomou as chaves? Quando foi isso se ele já as tem [Ap 1.18]?)
" O crente tem que ter carro novo, pq Jesus andou de Jumentinho 0/km."
" O Espirito de Deus me revela que tem gente, aqui que pode dar mais ($), não se preocupe com o aluguel, a conta de agua de luz, pq Deus está derramando uma chuva de pó de ouro nesta igreja"
" É hooooooooje!!!!"
" Olha o sapato de fogo aí!!!"
"Pega ele (a), Espirito!"
"Aí é manto!"
" Essa dor é um demônio incubado!!!"
"Eis que te digo agora, vejo descendo sobre ti bolas de fogo e labaredas"
"Põe tua mão Senhor se não vou pôr a minha"
"Eu sou pentecostal eu sou pentecostal Quando oro e glorifico o diabo passa mal!!"
"Amém? Está fraco... AMÉM? Amém ou não amém?"
"Quem quer receber uma bênção de Deus hoje, levante a mão.Você nasceu pra ser cabeça, não cauda!O Diabo quer lhe destruir. ( Novidade )"
"Estou vendo uma obra de bruxaria em sua vida."
"Vamos quebrar as setas inimigas.Não há nada de errado com o dinheiro; o único problema é o amor ao dinheiro."
"A partir de hoje ... "escolha a cidade"... nunca mais será igual"
"Nós somos um povo que não conhece derrota."
"Venha para Jesus e pare de sofrer."
"Você é filho do Rei e não merece estar nessa situação."
"Temos a visão de conquistar a Europa para Cristo."
"Vamos ficar em pé para receber o Grande Homem de Deus, fulano de tal, com uma salva de palmas."
"Não sou dono do mundo, mas sou filho do dono."
"Olhe para o seu irmão do lado e diga..."
"Quando você não entrega o dízimo na casa de Deus, Ele não tem compromisso financeiro com você."
"Abram suas Bíblias no livro "X". Quem encontrou diga amém, quem não encontrou diga misericórdia."
"Eu gostaria de cumprimentar a igreja com a paz do Senhor (se gostaria, então cumprimente, ou vai ficar na vontade?)."
"Deus está aqui (que algo mais óbvio que isso)."
"Deus está operando poderosamente (alguém já viu Deus operar "meia-boca"?)."
"Tá amarrado! (alguém sabe quanto tempo o Diabo leva para se desamarrar?)."
"Abra a boca e profetize; as palavras têm poder."
"Não diga isso. As palavras têm poder!!"
"Incendeia tua noiva, Senhor." (e ainda continua "e Ele vem saltando pelos montes..", quanta mistura!)
"Quanto mais glória você manda pra cima, mais glória Deus manda pra baixo."
"Vamos pisar na cabeça do diabo; o Diabo só conhece o número do meu sapato."
"Eu soube que o Anticristo já nasceu e está se preparando para aparecer." (É mesmo?!)
"Não fique triste com a morte do seu filho (ou com seu divórcio, ou com sei lá o que). Tudo tem um propósito e Deus sabe o que faz." (hein?!)
"Orei e a chuva parou."(então ora e manda chuva pro sertão, não é?)
"Cuidado para não perder a benção, irmão."
"Se não vier pelo amor, vem pela dor." (Hebreus, capítulos teus, versículos meus...)
"O diabo tentou impedir que você viesse aqui nesta noite, porque ele sabia que você seria abençoado."
"Deus confirmou a mensagem desta noite enquanto a irmã cantava aquele hino."
"Deus não escolhe os capacitados mas capacita os escolhidos. (Há muitos pastores repetentes nessa escola de capacitação)."
"Não toque contra o ungido do Senhor." (Chavãozinho para proteger os líderes apóstatas).
"Não diga a Deus que seu problema é grande; diga ao seu problema que o seu Deus é grande." (Poesia de quinta categoria)
"Chega de esperar; hoje o seu milagre vai chegar" (Posso reclamar no Procon?).
"Plante sua semente que você vai colher a cento por um" (Pequenas igrejas, grandes negócios).
"Deus sabe de todas as coisas" (Que clichê cruel, na hora que não tem respostas para uma questão).

As melhores:

"Quem não faz barulho tá com defeito de fabricação" (geralmente é ao contrário, não?)
"Se em 90 dias Deus não te cumprir o que eu tô falando agora eu rasgo minha bíblia e paro de pregar."
""FILHO DO CÃO COM A POMBA GIRA!!!!!"
"Pai das luzes, se eu tenho crédito contigo aí no céu..."
"Olha, seu Capiroto, seu Cabrunco, cão dos infernos, eu vou te expulsar, mas antes me diga: de onde você veio? pra onde você vai? como é o teu nome? o que queres?" ( leia Judas 9, meu filho!)

E a melhor (que faz referência a mim, por sinal):

"Cadê o tecladista pra fazer fundo musical?"

ESTUDO SOBRE O PROCESSO DE SEDUÇÃO NOS NOVOS MOVIMENTOS RELIGIOSOS

I - INTRODUÇÃO
Qualquer pessoa que se mantém informada com o que se passa ao seu redor vai perceber, sem dificuldades, que a presente época é também marcada por uma explosão de misticismo e novos movimentos religiosos. Nas últimas décadas, uma avalanche de pessoas, em sua maioria, jovens, foi seduzida por diferentes seitas e grupos religiosos. É, de fato, surpreendente, que, numa época como esta, depois de ter feito tanto progresso tecnológico, depois de todo fantástico desenvolvimento da ciência, o ser humano ainda continue disposto a se tornar escravo, espiritual e mentalmente, um de outro. Como isso acontece e o que leva uma pessoa a comportar-se assim, serão discutidos nas páginas seguintes. Este trabalho fará uma breve análise sobre o emprego do termo seita, terminologia esta bastante controvertida nos dias atuais. Depois, o papel do líder no processo de manipulação. Por último, algumas formas de controle e manipulações produzidas por alguns grupos, além das considerações finais e uma bibliografia sobre o assunto.

II - O TERMO SEITA
De acordo com a Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, o termo "seita ‘vem do latim, secta, derivado do particípio passado de secare (cortar, separar) ou de sequi (seguir), e tem o sentido de partido, escola, facção (...) A palavra seita tem sido normalmente usada para referir-se a grupos que se separam de outros já existentes, como foi o caso dos primeiros cristãos que se separaram do judaísmo (...) Nos círculos evangélicos, porém, o termo seita tem adquirido o sentido de grupo herético". Para Van Baalen, seita é "qualquer religião tida por heterodoxa ou espúria". Walter Martin define seita como "um grupo de indivíduos reunidos em torno de uma interpretação errônea da Bíblia, feita por uma ou mais pessoas." Margaret Singer, conhecida autoridade sobre os novos movimentos religiosos na América do Norte, prefere usar a frase "cultic relationships" (relacionamentos de seita) para explicar mais precisamente os processos e interações que acontecem dentro do grupo. Para ela, isso acontece quando "uma pessoa, intencionalmente, induz outras tornarem-se totalmente ou quase totalmente dependentes dele ou dela para quase todas as principais decisões da vida e inculca nesses seguidores a crença de que ele ou ela tem algum talento, dom ou conhecimento especial." Para a senhora Singer, o rótulo seita tem a ver com três fatores:

A origem do grupo e a figura do líder.
A estrutura de poder, ou o relacionamento entre o líder (ou líderes) e os seguidores.
O emprego de um programa coordenado de persuasão (chamado de reforma de pensamento, mais conhecido como lavagem cerebral).

Margaret Singer comenta ainda:
O que é rotulado como seita por um pesquisador, pode não ser identificado como tal por outro. Por exemplo, alguns pesquisadores consideram apenas os grupos de cunho religioso, descartando a miríade de grupos formados ao redor de uma variedade de doutrinas, teorias e práticas. Usando os três fatores de líder, estrutura e reforma de pensamento permitem-nos avaliar a natureza cultual de uma situação ou de um grupo em particular, independente do seu sistema de crença. Na conferência da American Family Foundation em 1985, em Los Angeles, vários eruditos e representantes da polícia americana, adotaram a seguinte definição de seita:
Um grupo ou movimento exibindo grande ou excessiva devoção ou dedicação a alguma pessoa, idéia, ou coisa, e empregando técnicas manipuladoras antiéticas ou coercitivas de persuasão e controle (ex.: isolamento de antigos amigos e da família, debilitação, uso de métodos especiais para elevar a sugestionabilidade e subserviência, poderosas pressões do grupo, gerenciamento de informações, suspensão da individualidade ou julgamento crítico, promoção de total dependência do grupo e medo de sair dele), destinadas a alcançar os alvos dos líderes do grupo, num possível detrimento dos membros, suas famílias ou da comunidade.

III - O LÍDER NO PROCESSO DE MANIPULAÇÃO
Geralmente, o líder da seita é dotado de carisma, magnetismo irresistível, aparência de vencedor, demonstrando grande entusiasmo pela causa que defende ou pelo produto que vende. Em seu livro Ensaios de Sociologia, Max Weber traz um comentário interessante sobre o fator carisma: A expressão "carisma" deve ser compreendida como referindo-se a uma qualidade extraordinária de uma pessoa, quer seja tal qualidade real, pretensa ou presumida. "Autoridade carismática", portanto, refere-se a um domínio sobre os homens, seja predominantemente externo ou interno, a que os governados se submetem devido a sua crença na qualidade extraordinária da pessoa específica. O feiticeiro mágico, o profeta...o chefe guerreiro...o chefe pessoal de um partido são desses tipos de governantes para os seus discípulos, seguidores, soldados, partidários, etc. A legitimidade de seu domínio se baseia na crença e na devoção ao extraordinário, desejado porque ultrapassa as qualidades humanas normais e originalmente considerado como sobrenatural. A legitimidade do domínio carismático baseia-se, assim, na crença dos poderes mágicos, revelações e culto do herói. O fascínio e poder que um líder pode exercer sobre seus adeptos pode ser notado também nas observações de Michael Green: Os fiéis, na verdade, endeusam o líder; ele é supremo e a sua vontade term que ser obedecida. De fato, sua posição corresponde quase que exatamente àquela do imperador romano que exercia completo poder político sobre o mundo conhecido e era adorado por seus subjugados. Da mesma forma Hitler declarou ser o emissário do Todo-Poderoso e o fundador do reino de mil anos. Os nazistas morriam invocando o seu nome e sua personalidade era considerada transcendente. O mesmo aconteceu com Mao. Ele não era apenas um líder; ele era divindade. Ele foi adorado. As pessoas se ajoelhavam diante dele. Elas recitavam seus pensamentos. Elas acreditavam que ele as curava através das mãos de um cirurgião. Ele tomou o lugar de Deus. Os fiéis do Tabernáculo da Fé seguem os ensinos de William Marion Branham, um controvertido pregador de cura divina nos Estados Unidos, já falecido. Branham declarou ser o anjo do Apocalipse 3:14 e 10:7 e que o arrebatamento da Igreja e a destruição do mundo aconteceriam em 1977. Seus seguidores exibem, com muito orgulho, uma foto de Branham tirada em Houston, Texas, em 1950, em que aparece uma auréola de luz sobre a sua cabeça, enquanto falava do púlpito. Depois de falecer, em 1965, seus devotos acreditavam que ele ressuscitaria. Alguns de seus discípulos criam ser ele o próprio Deus, enquanto outros afirmavam que ele havia nascido através de uma virgem (nascimento virginal). Alguns oravam a ele e outros batizavam em seu nome. Um dos exemplos mais chocantes do relacionamento doentio entre um líder e seus seguidores pôde ser constatado no grupo Ramo Davidiano, de David Koresh, em Waco, Texas, nos Estados Unidos. Em abril de 1993, o FBI cercou, por vários dias, o rancho onde Koresh e seu grupo estavam reunidos, enquanto a sociedade acompanhava os fatos pela mídia, aguardando um final feliz. Infelizmente, o final feliz não aconteceu. Depois de perceberem que a polícia invadiria o local, Koresh e seu grupo preferiram transformar o rancho em chamas do que entregar-se ao FBI. No dia 19 de abril de 1993, cerca de 80 pessoas morreram, incluindo aproximadamente 25 crianças, sacrificadas por causa da agenda e megalomania de um líder doentio. Nove pessoas sobreviveram.
Dois autores dão mais informações sobre o caráter de David Koresh:
No seu cartão pessoal estava impresso "Messias" e ele é citado como tendo declarado em inúmeras ocasiões: "Se a Bíblia é verdade, então eu sou o Cristo". Alguns acreditaram nele. Ele foi capaz de convencer os maridos a entregarem-lhe suas esposas, famílias a entregarem-lhe dinheiro e filhos. Seu estilo de vida paradisíaco permitiu-lhe viver da renda dos outros. Em 19 de abril de 1993, havia quase cem pessoas dispostas a morrer com ele pela promessa de uma vida no céu após a morte.
Outros grupos já provocaram tragédias parecidas, apresentando padrões de liderança mais ou menos parecidos, tais como Heaven’s Gate, Aum Shinrikio e seu guru Shoko Asahara. Entretanto, de todas as tragédias envolvendo seitas, a mais notória até agora aconteceu no fim de 1978, nas selvas da Guiana. Na ocasião, o líder do Templo do Povo, Jim Jones, levou mais de 900 pessoas a um suicídio coletivo. Um repórter que acompanhou os fatos constatou vários aspectos nocivos da personalidade de Jim Jones e os relatou assim: O Reverendo Jim Jones, nos dias finais da colônia do Templo do Povo na selva da Guiana, era um personagem que poderia perfeitamente ter sido criado por Joseph Conrad. Era o messias paranóico de uma congregação aterrorizada, mas devota, cujo fim ele previa todas as noites, pelas forças das trevas e ameaçadoras que os cercavam: CIA, Ku Klux Klan, racismo, fascismo, holocausto nuclear...Declarava às vezes ser o herdeiro espiritual de Cristo e/ou Lenin. Pregava uma doutrina de socialismo apostólico ao mesmo tempo em que se apropriava para o seu Templo de um tesouro de milhões de dólares em bens imóveis, dinheiro, cheques de seguro e assistência social do rebanho. Nos últimos anos de sua pregação em São Francisco e depois na Guiana, Jones tornou-se um dos mais macabros líderes de cultos religiosos da história americana. Se houvesse alguma atenção nacional à sua mensagem e aos brados de alerta dos primeiros membros que romperam com a seita, talvez fosse possível prever o trágico desenlace na Guiana e se tomar alguma providência para evitá-lo. Um outro exemplo vem do mormonismo. O testemunho de um mórmon sempre vai incluir uma reverência ao fundador do movimento, Joseph Smith. Geralmente, o adepto, ao dar o seu testemunho, no púlpito ou fora dele, dirá: "Creio que a Igreja Mórmon é a igreja verdadeira e que Joseph Smith é um profeta de Deus". Os mórmons rendem louvores ao seu fundador com o hino 108 do seu hinário oficial, intitulado, "Hoje ao Profeta Louvemos"! No livro intitulado O Império Moon, um jornalista francês, Jean-François Boyer, fez uma análise da agenda econômica e política da Igreja da Unificação do Reverendo Moon. Boyer faz revelações impressionantes sobre o relacionamento doentio de Moon com seus adeptos: Logo que aceito na "família", o novo membro só tem uma preocupação: provar que ama Moon mais do que a si próprio; pois o "Novo Messias" jamais escondeu que ele esperava muito de seus filhos. Há mais de vinte anos que se dirige a seus fiéis e tem delineado, de discurso em discurso, o retrato falado do moonista perfeito. "Se vocês me amam, mostrem-me que vocês me amam", diz em 1977 a seus fiéis americanos. E cada um busca nos textos sagrados - uma coletânea de locuções em inglês intitulada "O Mestre fala" - a fim de procurar saber sobre as regras de conduta que farão deles filhos dignos do amor do "Pai". Na Seita Moon, existe até mesmo a perspectiva de dar a vida pela igreja e pelo líder, como pode ser observado nas palavras do "Pai":
"Procurar sempre o mais difícil é uma maneira de pensar", diz Moon, por ocasião de um seminário teológico em 1979. "Vocês poderiam mesmo se perguntar", acrescenta à sua atenta platéia, "quando o reverendo Moon vai me pedir para morrer? Pois nada é mais difícil do que isso". E um dos principais pregadores, Ken Sudo, vai ainda mais longe. Diante de uma platéia extasiada, composta por jovens casados naquele mesmo ano pelo "Pai", diz: "Agora é minha vez de dar a vida pelo ‘Pai’... Sou voluntário para morrer... Se você sente verdadeiramente que é uma alegria morrer pelo ‘Pai’, não somente em palavras, mas em atos, isso é formidável!" Pelas pesquisas de Boyer, pode-se notar que a Seita Moon não propõe à humanidade um ideal para a eternidade como a maioria das religiões, mas um projeto em curto prazo: a instauração de uma teocracia. Moon deve estabelecer o reino de Deus sobre a Terra antes de morrer, senão terá falhado em sua missão, como o fez Cristo a quase dois mil anos. O projeto Moon não foi feito para ser efetivado em longo prazo. A Igreja da Unificação é uma igreja apressada; ela tem necessidade, então, de um sem-número de pessoas, prontas a se sacrificarem pelo profeta, mas não poderia vencer sem o aliciamento rápido e decisivo de pessoas importantes nas cidades a serem conquistadas: magistrados, advogados, professores, jornalistas e políticos. Os discípulos do Rev. Moon carregam consigo uma foto do líder para garantir a proteção dos anjos e do bom mundo espiritual (revista Mundo Unificado, maio/junho de 1984, p. 8). As orações no grupo são feitas em nome dos verdadeiros pais, isto é, o Rev. Moon e a sua esposa. Moon se intitula o Senhor do Segundo Advento. Os aspectos negativos da figura do líder dentro de um grupo religioso aparecem bastante também na figura e no comportamento de David Berg (chamado de Moisés Davi ou Mo), fundador do grupo Os Meninos de Deus, conhecido, hoje, como A Família. A própria filha de David Berg, Deborah (Linda Berg) Davis, que viveu muitos anos dentro da seita e saiu chocada com os ensinos e o estilo de vida de seu pai, escreveu um livro revelador, expondo os abusos dentro do grupo. Por várias vezes, no livro, Deborah cita um professor de sociologia, Roy Wallis, da Queen’s University de Belfast, que estudou David Berg e os Meninos de Deus sob a perspectiva do carisma. Wallis examina a dinâmica do carisma na liderança, a necessidade que as pessoas têm de aceitação, e a disposição de prestar toda a devoção e apoio a um homem como seu pai: Tornar-se carismático não é algo que acontece de uma vez e para sempre. É uma característica crucial do carisma que ele exista somente no seu reconhecimento por outros. Ele deve ser constantemente reforçado e reafirmado ou deixa de existir. O líder carismático, e aqueles ao seu redor, devem encontrar, constantemente, meios de garantir a reafirmação requerida. Berg obteve este reconhecimento contínuo da mesma forma que ele o produziu originalmente, isto é, através de um sistema de trocas. Berg selecionava as pessoas que seriam alvo de atenção especial, afeição e elogios; elas também acreditavam estar alcançando o que aspiravam, isto é, dedicar suas vidas ao serviço de Deus. Tendo rejeitado os padrões mundanos, somente através da aprovação de Berg elas poderiam ter certeza de que estavam fazendo a vontade de Deus. Lisonjeadas por receberem tanta atenção e cuidado por parte do profeta, elas, por sua vez, estavam muito dispostas a aceitar o status que lhes foi proposto, e assim confirmar o status de Mo como oráculo de Deus, reafirmar o conceito que ele tinha de si mesmo, apoiar suas aspirações, e encorajá-lo em qualquer situação em que ele se sentisse desanimado, mal sucedido, ou quando surgia na sua mente que as coisas não aconteceriam como ele havia pensado. Pelas informações relatadas acima, poe-se observar que os líderes de seitas são pessoas autoritárias, gananciosas, gostam de controlar os outros e garantem que possuem uma missão especial para desenvolver na terra.

IV - CONTROLE E MANIPULAÇÕES
O desenvolvimento da tecnologia e da mídia tem fornecido as seitas com tantas ferramentas sofisticadas que se tornou quase impossível para qualquer pessoa escapar de suas propagandas ou manipulações. A Enciclopédia de Psicologia define manipulação como: O gerenciamento e a direção dos seres humanos pelo uso hábil de seus desejos e qualidades com o propósito de controlá-los com fins sociais, científicos ou políticos, contrários as suas próprias escolhas. Pode ser dito que a sociedade hoje não está sujeita apenas às manipulações sociais, científicas ou políticas, mas bastante vulnerável às manipulações religiosas e espirituais em todas as partes do mundo. No filme "Deceived", Mel White mostra como Jim Jones usou várias técnicas de manipulações para alcançar seus alvos: o abuso do tempo, de dinheiro, disciplina e intimidade, foram largamente usados a fim de manter seus seguidores sob controle, mesmo até a morte. Houve, nas últimas quatro décadas, uma multiplicação de grupos religiosos, dos quais muitos tornaram-se nocivos ao indivíduo, à família e à sociedade em geral, representando, ao mesmo tempo, um desafio para as igrejas históricas tradicionais. Por que tais grupos alcançam tanto sucesso? Como conseguem tantos adeptos? Como vários novos movimentos religiosos tornam-se, política e financeiramente, tão poderosos? É óbvio que tais grupos possuem diversos recursos que são estratégicos para o crescimento, principalmente, numérico. Uma das táticas é o assalto que os líderes de tais seitas fazem à mente humana, manipulando-a para a sua própria vantagem. A posição de Jim Jones e o seu poder de manipular e controlar as pessoas em sua igreja foi contada, num livro, por dois jornalistas do jornal San Francisco Chronicle. A agenda política de Jim Jones, sua vida sexual promíscua, seu relacionamento com a imprensa e, praticamente, todos os atos de Jones são chocantes. Em tudo havia abusos, terror, desonestidade. A hierarquia funcionava assim: No topo do império estava, naturalmente, Jones, cujo poder era incontrastável. O conselho jamais votaria contra ele. E ninguém tinha a pretensão de demover Jones de uma decisão qualquer, uma vez tomada. Em torno dele havia talvez entre uma dúzia e vinte pessoas, que constituíam o seu círculo imediato. Na sua maioria eram mulheres. Abaixo desse segundo escalão, vinha o terceiro, a comissão de planejamento, composta de uma centena de dignitários da igreja. No seio desse grupo havia uma elite, cerca de 12 "secretários" ou "conselheiros". Reuniões da comissão de planejamento, ou P.C. (planning comission) constituíam o centro da vida do Templo. Eram sessões de estratégia, realizadas à noite, em dias de semana, e presididas por Jones, do alto do seu pódium. Nos primeiros anos da década de 1970 essas reuniões já se haviam transformado em verdadeiras maratonas que duravam a noite inteira. Nessas reuniões, Jones passava a maior parte do tempo presidindo sessões de "catarse": longos interlúdios em que os membros da P.C. eram dissecados emocionalmente - uma experiência extenuante. Por que a senhora usa essas roupas novas, quando há tanta gente faminta? Não é exato que o senhor quis conquistar a mulher de outro homem? Admita-o! Como poderá qualquer um queixar-se de trabalhar até de madrugada quando o Pai se sacrifica tanto por todos? Por várias vezes, Jim Jones serviu bebida, supostamente envenenada, às pessoas ao seu redor, como se fosse um ato de brincadeira. Ele chegou a fazer isso com a sua comissão de planejamento. Depois que obedeceram, Jones disse-lhes que haviam tomado veneno e que estariam mortos dentro de 45 minutos. Quando o tempo se esgotou, disse-lhes que não se preocupassem, pois estava apenas testando a fé de cada um deles. Sem dúvida, essas "brincadeiras" prepararam o caminho para a grande tragédia que aconteceria anos depois. Os Meninos de Deus são conhecidos por exercer intensa pressão e atividade grupal sobre os convertidos em potencial. Palestras, estudos bíblicos, cultos longos e muitas horas assistindo vídeos contendo os ensinos do movimento, são parte de uma constante atividade para envolver o adepto na sua nova vida. De acordo com os depoimentos de ex-adeptos das seitas, algum tipo de privação sensorial acontece - normalmente, dietas com poucas proteínas e poucas horas de sono a cada noite, diminuem as defesas físicas e psicológicas da pessoa, tornando-a receptiva à nova doutrina. Flo Conway e Jim Sigelman comentam: Sob pressões cumulativas de controle físico, emocional e intelectual, o autocontrole e crenças pessoais cedem. Isolado do mundo e cercado de armadilhas exóticas, os convertidos absorvem os estilos alterados de pensamento e da vida diária da seita. Em pouco tempo, antes de perceberem o que está acontecendo, os novos adeptos entram num estado mental em que não são mais capazes de pensar por si mesmos. Através da história grupos extremistas têm aplicado, com muito sucesso, esse tipo de ataque à mente e às emoções, adquirindo assim, o controle sobre membros de tribos, sociedades e até nações inteiras, reduzindo o valor da personalidade individual do ser humano. Um ex-adepto de uma seita informa: As seitas destroem a mente por completo. Elas destroem a sua habilidade de questionar as coisas, e ao destruir a sua habilidade de pensar, destroem também a sua habilidade de sentir. Pensar, para o membro de uma seita, é exatamente como ser apunhalado no coração. É muito doloroso, pois foi-lhe dito que a mente é Satanás e pensar é uma maquinaria do Diabo. Quando alguém se junta aos Meninos de Deus, a pessoa é completamente separada o mundo exterior. Não lhe é permitido ir a qualquer lugar sem a companhia de um irmão ou irmã do grupo. Qualquer pessoa de fora da seita é classificada como um "sistemista" (de sistema). Moisés Davi, ou Davi Berg, o fundador, sempre usou um rosário de adjetivos pejorativos para descrever os de fora: "sistemistas", servos de Satanás, podres, decadentes, decrépitos, hipócritas, etc. Um outro aspecto intrigante desse grupo é que o adepto adota um novo nome, geralmente da Bíblia. No início, ele é chamado "bebê". Após três meses, ele é admitido no treinamento de liderança. A forma como ele chega à liderança é sendo o que a seita quer que ele seja, sem qualquer reclamação ou questionamento, fazendo exatamente as coisas que são esperadas dele. As seitas destroem a individualidade da pessoa e o seu senso crítico. Um dos meios que Moisés David usou para fazer isso foi através de suas cartas, chamadas "Cartas de Mo", como informa sua própria filha: Ao declarar tais cartas como a Palavra de Deus, ele sufocou os poderes mentais criativos de seus seguidores. Eles não precisam mais pensar por si mesmos, ler a Bíblia e aplicá-la, dinamicamente, às suas vidas pessoais, ou fazer qualquer oração criativa. A única função deles é ler as cartas de Mo, deixar que Mo faça toda a comunicação com Deus, e seguir o que Mo escreve. É simplesmente uma questão de obediência. Suas mentes devem ser como computadores, e ele é o programador. Todos os novos dados e informações entrarão em suas mentes apenas através do seu trabalho. Eles são um pouco mais do que robôs incapazes de criar. Depois de entrar na seita, o novo discípulo é protegido de toda informação negativa que circula do lado de fora sobre o grupo. O uso de termos especiais é empregado para facilitar a manipulação dos membros. Quase todas as seitas estimulam seus membros a não pensar, praticam o controle da mente ou alguma forma de manipulação mental como parte de uma atividade. Para neutralizar os questionamentos de seus adeptos, o Reverendo Moon declarou: "Eu sou um pensador. Eu sou seu cérebro". O império financeiro da Seita Moon é de fato impressionante. A Igreja da Unificação tem feito um grande sucesso na América Latina, principalmente no Uruguai. Os moonistas referem-se à cidade de Montevidéu como Moontevidéu. Possuem ali o melhor jornal, a melhor estação de rádio e o melhor hotel do país. Moon é tão sutil que, no primeiro semestre de 1996, conseguiu levar mais de 800 pastores do Brasil para suas reuniões no Uruguai. A Igreja da Unificação tem sido muito criticada pelos seus métodos de levantamento de fundos. Normalmente, um moonista arrecada entre 100 e 500 dólares por dia, vendendo canetas, flores, envelopes e papel de carta. 200 dólares é a média. É dito, muitas vezes, que o dinheiro será usado na recuperação de viciados em droga, menores abandonados ou alguma outra obra filantrópica. É comum o moonista começar bem cedo as suas atividades e trabalhar até depois da meia noite. Nenhum membro pode questionar o destino do dinheiro. Por outro lado, muitos adeptos da seita sabem que a família Moon vive no luxo. A mente é um dos alvos principais das seitas, pois o seu controle garante o sucesso do grupo. Steve Hassan, (ex-adepto do Reverendo Moon), um conhecido pesquisador de seitas nos Estados Unidos, define assim o controle mental:
Na realidade, o controle mental é um conjunto de métodos e técnicas, tais como hipnose ou interrupção de pensamento, que influencia como uma pessoa pensa, sente e age. Ao ser empregado por seitas destrutivas, o controle mental procura nada menos do que desfazer a identidade autêntica de um indivíduo - comportamento, pensamentos, emoções - e reconstruí-la na imagem do líder da seita. Isso é feito controlando, rigidamente, a vida espiritual, física, intelectual e emocional do membro. O controle mental da seita é um processo social que encoraja obediência, dependência e conformidade. O processo desencoraja autonomia e individualidade ao imergir os recrutados num ambiente que reprime a livre escolha. O dogma do grupo torna-se a única preocupação da pessoa. Qualquer coisa ou qualquer pessoa que não se encaixe na sua realidade reformada torna-se irrelevante. A Ciência Cristã ensina aos seus adeptos que o pecado, a doença e a morte são todos ilusões da mente que precisam ser corrigidas pela maneira correta de pensar. Mary Baker Eddy, a fundadora, cunhou uma frase interessante que dizia: "Não existe realidade na dor e nem dor na realidade". Seus ensinos enfatizam também a negação da existência física. Para ela, tudo o que existe é uma ilusão da mente. Dr. Walter Martin informa: Existe na Ciência Cristã uma supressão da mente, uma expulsão consciente da mente da pessoa de certas coisas que são desconcertantes para a configuração total dos padrões psicológicos de condicionamento. Os adeptos da Ciência Cristã são condicionados a crer na inexistência do mundo material, ainda que os seus sentidos testifiquem de sua realidade objetiva. Os novos movimentos religiosos procuram atrair os seus convertidos em potencial com uma grande quantidade de atenção e afeição. O sentimento, e não a razão, é a armadilha. Há uma estratégia usada pelas seitas que os estudiosos chamam de "love bombing" (bombardeio do amor), como informa o jornalista Jean-François Boyer: Para acolher os candidatos nas melhores condições psicológicas possíveis - na calma, longe da família, dos amigos e tentações - a igreja necessita de casas afastadas, espaçosas e, se possível, atraentes...Isso explica o porquê de o Movimento possuir em todo o mundo e em tão pouco tempo um rico patrimônio imobiliário. Como recusar um convite com tudo pago ao castelo de Mauny, a um dos pequenos castelos campestres da região de Lyonnais, ou mesmo a um casarão na zona sul de Paris, que tem como ornamento o parque de Sceaux? Como recusar um retorno quando, à beleza da paisagem, se soma o calor da acolhida? Pois, retomando uma fórmula do reverendo Moon, os novos chegados devem ser "bombardeados de amor". E eles o são! Os sentimentos ou emoções não se constituem em critérios válidos para se analisar uma seita. Um mórmon, por exemplo, afirma saber que o Livro de Mórmon é a palavra de Deus porque, orientado pelo bispo da igreja, ele perguntou para Deus, em oração, se tal livro é inspirado por Deus. De acordo com o mormonismo, se a pessoa perguntar com fé e sinceridade, ela vai sentir um arder no peito. Dali em diante, ela permanecerá cega e surda às evidências históricas, arqueológicas, literária, ou qualquer outra, que denuncie a falta de confiabilidade do Livro de Mórmon e outras obras oficiais do mormonismo. Existem mórmons que chegam a afirmar que se eles soubessem, sem qualquer sombra de dúvida, que Joseph Smith, o fundador da Igreja Mórmon, foi um falso profeta, que a Igreja Mórmon é falsa, mesmo assim, eles não deixariam o mormonismo. Pode-se perceber que não se trata mais de uma questão da razão, mas da vontade. Não que não entendam, ou que não saibam, mas porque não querem. Assim, de uma forma surpreendente, tais devotos conseguem colocar a vontade e o sentimento acima da razão. Em várias seitas, após a mente do novo adepto ser neutralizada, inicia-se o período de doutrinação. Para garantir o sucesso do programa, emprega-se uma série de mecanismos, entre eles, a privação quanto às necessidades básicas do ser humano - pouca comida com baixa caloria e horas de sono bastante reduzidas, são algumas delas. Em seguida, o iniciado torna-se mentalmente, emocionalmente e espiritualmente dependente da seita para sua sobrevivência, decisões e direção. O quadro ameaçador pintado pela liderança da seita sobre o mundo exterior, um mundo inseguro controlado por Satã e condenado à destruição pelo juízo de Deus, força o novo adepto a permanecer na seita para sua própria segurança. Logo no início, os laços que o prendem aos seus pais, irmãos ou qualquer outro parente, são bastante danificados. Muitas vezes, é dito ao novo discípulo que as pessoas que Satã mais vai usar para tirá-lo do novo e verdadeiro caminho que lhe foi revelado por Deus são as pessoas mais íntimas de sua família. Apesar de hoje adotar o nome A Família, os Meninos de Deus já separaram muitos casais e filhos.

V - CONSIDERAÇÕES FINAIS
No encerramento da conferência da American Family Foundation, em maio de 2001, na cidade de Nova York, o Dr. Langone, diretor executivo da organização, declarou, com razão, que as seitas chegaram para ficar. De fato, elas são protegidas pelo sistema legal de muitos países, arrecadam somas imensas de dinheiro, tornando-se grandes impérios financeiros. Seria bom que as autoridades governamentais prestassem mais atenção à problemática dos novos movimentos religiosos, criando legislação que possa coibir os abusos de tais grupos, evitando assim danos à pessoa ou à sociedade em geral, a exemplo de vários países europeus como Alemanha, Bélgica e França, que já o estão fazendo. As igrejas também precisam fazer a lição de casa, incluindo o estudo sobre os novos movimentos religiosos na programação de suas atividades, promovendo a conscientização dos seus membros quanto às investidas de tais grupos. É preciso alertar principalmente os jovens, muitas vezes, presas fáceis desses movimentos que atuam também no ambiente estudantil.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Casamento na CCB

Quando lemos a Bíblia, podemos notar que a maior de todas as coisas que pode acontecer na vida de uma pessoa, é conhecer a Cristo, recebendo-o como Salvador, e tornando-se assim um filho ou filha de Deus (João 1:12). À partir desse momento passa a ter comunhão com Deus e com os irmãos em Cristo. Esses irmãos se encontram nas mais diferentes denominações evangélicas e grupos cristãos, que juntos formam a Igreja do Senhor (Efésios 2:15-19, 3:6). Os filhos de Deus compõe uma grande família, mas não é um povo ligado pela raça ou nacionalidade,como acontecia com o antigo Israel, mas ligado espiritualmente pela fé em Cristo. Então desenvolvem seus relacionamentos dentro dessa esfera, inclusive o matrimônio. Sobre esse assunto é interessante observar que entre os evangélicos é comum o casamento entre membros de denominações diferentes. Por exemplo: Um membro da Batista pode se casar com outro da Assembléia de Deus; um da Metodista pode se casar com outro da Presbiteriana, e vice- versa. Não existe restrição nesse quesito porque entendem que são filhos de Deus todos os que o receberam pela fé, e não por pertencer a esta ou aquela denominação. Acreditam no ensino da Palavra de Deus, no qual o matrimônio deve ser realizado entre fiéis em Cristo (II Coríntios 6:14-15; I Coríntios 7:39), e esses são aqueles que o receberam como Salvador.
Mas não é isso o que acontece com a Congregação Cristã no Brasil, que apesar de acreditar que o casamento não deva ser com infiéis, entende que entre esses "infiéis" estão os evangélicos. Dessa maneira lemos no manual de doutrinas 'Pontos de Doutrina e Fé que uma vez foi dada aos santos', na página 15:

"Comunhão com os infiéis: A Palavra de Deus não admite sociedade com os infiéis em negócios desta vida, nem tampouco em enlaces matrimoniais. (II Cor. 6 vs. 14/16). É obrigação do ancião ou cooperador apresentar com cuidado esta exortação feita à Igreja de Deus, a fim de evitar uma ruptura no perfeito plano de Deus."

Enquanto os cristãos acreditam que os "infiéis" sejam apenas os incrédulos, os adeptos da CCB incluem entre eles os próprios evangélicos. Acreditam que os evangélicos são seitários, excluídos da fé da CCB, portanto, como indivíduos que não são da mesma fé, são reputados como infiéis, estranhos a doutrina, e distantes da verdade. Tendo isso em vista, uma das principais exigências para que um evangélico se una a fé da CCB, é o rebatismo, que é visto como o meio pelo qual a pessoa se torna crente ou fiel. Com essa postura equivocada e antibíblica a CCB chega a punir os que querem se casar com evangélicos, cortando seus cargos ministeriais . Para dar força a argumentação que dita a separação entre adeptos da CCB e evangélicos citam no geral dois motivos:
1. Abraão buscou para seu filho Isaque uma esposa entre sua própria parentela.
Refutação: Trazendo esse fato para a Nova Aliança, entendemos que a própria "parentela" do cristão é a Igreja. Não podemos tomar na carne esse assunto, senão teríamos de nos casar apenas com parentes na carne, e isso até mesmo a CCB não pratica. Todos os filhos de Deus são parte da Igreja (João 1:12; I Coríntios 1:12). Entender que a Igreja se restringe a um grupo religioso específico, como quer a CCB e outras seitas similares, é se posicionar contrariamente ao princípio bíblico da universalidade e inclusividade da Igreja de Deus. A conclusão a que chegamos é que o pensamento da CCB de que o casamento de Isaque tipifica sua atitude para com a rejeição da união com os evangélicos, além de ser exclusivista, é uma distorção da mensagem bíblica.
2. As denominações evangélicas não aceitam toda a "verdade" que só se encontra na CCB, o que geraria conflitos no futuro entre os cônjuges se houvesse casamento.
Refutação: Estranho esse argumento para uma igreja que se intitula de cristã. Na essência doutrinaria os evangélicos são unidos, em pontos secundários existe humildade para aceitar a diversidade. Ora, se a CCB acredita que um casamento com evangélicos gerará conflitos por causa das doutrinas da CCB, de certo essas mesmas doutrinas não são genuinamente cristãs. Porque o que são motivos de conflitos para os evangélicos são as heresias. Agora, se aquilo que a CCB defenda é ortodoxo, não há nenhuma razão para temer abrir caminho para uniões matrimôniais com evangélicos.

Diante disso tudo, a conclusão a que chegamos é que a CCB através de sua atitude radical contrária ao casamento com evangélicos, demonstra mais uma vez que está longe de ser uma igreja verdadeiramente cristã.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Deus Todo Poderoso

Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do Céu e da terra.
A. Creio em Deus
Se nenhum homem jamais viu a Deus como Ele realmente é (1 Jo 4:12); se Deus habita em luz
inacessível (1 Tm 6:16) e se Ele está acima de toda a criação (2 Cr 2:6), perguntamos: Deus pode
ser definido?
Sendo Deus um ser infinito, é impossível que qualquer criatura o conheça exatamente
como ele é. No entanto, ele bondosamente revelou-se mediante linguagem compreensível a
nós. São as Escrituras essa revelação (Myer Pearlman).
O que se pode entender de Deus é fruto do que conhecemos por Revelação. A Teologia
define duas maneiras da auto-revelação de Deus: a Revelação geral e a Revelação especial. O
mesmo Deus que fez a natureza, com suas belezas e maravilhas, fez também o homem dotado
de capacidade para observar, através da natureza, o seu Criador. Todavia, não é objeto do
presente estudo tratar sobre a revelação geral, por isso seguimos adiante esclarecendo apenas o
que mostra a Revelação especial, ou seja, aquela formulada através das Escrituras Sagradas, a
Bíblia. É a Bíblia que nos dá a possibilidade de traçar os principais conceitos que temos de
Deus.
Os Nomes de Deus e Seus atributos, por exemplo, revelam qualidades e perfeições
inerentes ao SER ETERNO, Deus. Na Bíblia o nome de uma pessoa é a descrição do seu caráter.
Assim os “nomes” de Deus na Bíblia descrevem o Seu caráter.
No Antigo Testamento podemos encontrar:
Adonai - Senhor, Mestre, Cabeça, Meu Senhor. (Gn 15.2; 18.3)
Adonai Há Adonim – Senhor dos Senhores (Dt 10.17b)
Elohim - Deus Criador.(Gn 2.4; Dt 5.36). Plural de Eloah.
Elohim Bashamayin – Deus nos céus (Js 2.11)
Elohim Kedoshim – Deus sagrado (Js 24.19)
Elohim Machase Lanu – Deus é o nosso Refúgio (Sl 62.8)
Elohim Ozer Li – Deus meu Ajudador (Sl 54.4)
Elohim Shophtim (Shephtim) Ba-arets – Deus que Julga na Terra (Sl 58.11)
Elohim Silihot – O Deus dos Perdões (Ne 9.17)
Elohim Tsebaoth – Deus Onipotente ou Deus de Multidões (Hostes) (Sl 80.7)
El - Mais simples dos nomes. Significa: ser o primeiro
El Bethel – Deus de Betel ou a Casa de Deus (Gn 35.7)
El-Berit : Deus que faz pacto ou aliança (Gn 31:13, 35:1-3).
El Deot – Deus das Sabedorias (1Sm 2.3b)
El Eliom - Deus Altíssimo. (Nm 24.16; Sl 7.17; Sl 18.13).
El Emunah – O Deus Fiel (Dt 7.9)
El Gibbor – Deus poderoso (Is 9.6).
El Hanu – Deus Misericordioso (Ne 9.31).
El Hakabodh – Deus da Gloria (Sl 29.3).
El Hay (He) – O Deus Vivo (Js 3.10; 1Sm 17.26) .
El Hayyay – O Deus da minha vida (Sl 42.8).
El Kainna (Kanno; Kenno’)– Deus zeloso (Ex 20.5; Js 24.19).
El Marom – Deus Altíssimo (Sl 57.2; Mq 6.6).
El Mistater – O Deus Misterioso (Is 45.15).
El Nekamoth (Nakamoth) – O Deus que me vinda (Sl 18.47).
El Nose – O Deus que Perdoou (Sl 99.8).
El Olam. - Deus da eternidade. (Gn 21.33).
El Rai (Rhoí)– Deus da Vista (Gn 16.13).
El Sali (Sela) – Deus, minha Rocha (Sl 42.9).
El Shaddai – Deus Onipotente (Gn 17.1-2; Ex 6.3).
El Simchath Gili – Deus minha alegria excessiva (meu encanto ou grande alegria) (Sl 43.4).
El Tsur Israel – O Deus rocha de Israel (Is 30.29).
YAHWEH - Eu sou o que sou. (Ex 3.13-15).
YHWH Chereb – O SENHOR... A Espada Gloriosa (Dt 33.29).
YAHWEH-ELOENU - YAHWEH nosso Deus. (Sl 99:5,8).
YHWH Elohe Hashamaim – O Senhor DEUS dos céus (Gn 24.7).
YAHWEH-ELOEKA - YAHWEH teu Deus. (Êx 20:2,5,7).
YAHWEH-ELOAI - YAHWEH meu Deus. Zacarias 14:5.
YHWH Elohim : Criador de todas as coisas.
YHWH Hashopet – O Senhor o Juiz (Jz 11.27).
YHWH Hoshiah (Hoshe’ah) – O Senhor poupa (salva) (Sl 20.9).
YHWH Immeka (‘Immeku) – O senhor é contigo (Jz 6.12),
YHWH Izuz Wegibbor (‘Izoz Hakaboth) – O Senhor Forte e Poderoso (Sl 24.8).
YHWH Jireh : O Senhor proverá – Deus proverá.(Gn 22:14).
YHWH Kainna - O Senhor Zeloso (Ex 20.5, Ex 34.14).
YHWH Kadosh - Deus santo. (Jr 15. 19 ).
YHWH Kabodhi – O Senhor a minha Gloria (Sl 3.3).
YHWH Kanna Shemo – O Senhor é Zeloso (Ex 34.14).
YHWH Keren Yishi – O Senhor Força de minha Salvação (Sl 18.2).
YHWH Machsi – O Senhor meu Refugio (Sl 91.1; Sl 91.9).
YHWH Mephalti – O Senhor Meu Libertador (Sl 18.2).
YHWH Mekaddishkhem – O Senhor que vos santifica (Ex 31.13; Lv 20.8).
YHWH Metsudhathi O Senhor, (meu lugar forte),minha Fortaleza (Sl 18.2).
YHWH Mishgabbi – O Senhor minha Torre Alta (meu Alto Refugio) (Sl 18.2).
YHWH Moshiekh – O Senhor Seu Redentor (Is 49.26; 60.16).
YHWH Norah – O Senhor é Tremendo (Sl 47.2).
YHWH Nissi : O Senhor é a Minha Bandeira.(Ex 17:15).
YHWH Raah : O Senhor é o Meu Pastor (Sl 23:1).
YHWH Rafa : O Senhor Que Te Sara (Ex 15-26).
YHWH Rhahum – O Senhor é piedoso (2Cr 30.9).
YHWH Sabaoth : O Senhor dos Exércitos (Sl 24:10).
YHWH Shalom : O Senhor é Paz (Jz 6:24).
YHWH Shammah : O Senhor Está Ali (Ez 48:35).
YHWH Tov – Bom é o Senhor (Sl 145.9).
YHWH Tsidikenu : Senhor Justiça Nossa (Jr 23:6).
Outros nomes: Avinú – Nosso Pai (Is 63.16); Eyaluth - Força (Sl 22.29;Gaal - Redentor (Jó.19:25); Yasha - Senhor
Salvador (Is 43.3); Magen - Senhor nosso escudo (Sl 3.3); Maor - Doador da luz (Gn 1.16; Melech Hakavod – O Rei
da Gloria (Sl 24.7); Palar - Senhor Libertador (Sl 18.2); Shapar - Juiz, Gn 18.25; Tsaddia - Justo, Sl 7.9.
Conhecemos a Deus não somente pelos os Seus Nomes, mas também em Seus Atributos.
Qual a diferença entre os nomes de Deus e os seus atributos?
O nomes de Deus expressam as qualidades do seu ser inteiro, enquanto os seus atributos
indicam vários aspectos do seu caráter. (Myer Pearlman).
Os atributos divinos são classificados em dois grupos principais: Incomunicáveis e
Comunicáveis.
Atributos Incomunicáveis - São aqueles que Deus não partilha conosco ou não nos
“comunica”. São atributos exclusivos de Deus, que distinguem Deus como Deus, sendo
ímpar naquilo que é e faz. Esses atributos são a marca distintiva do Altíssimo que o
torna absolutamente inigualável (CAMPOS, O Ser de Deus e os seus atributos. p. 165).
Estes atributos enfatizam a distinção absoluta entre Deus e a criatura (não podem ser
comunicados à criatura).
Atributos Comunicáveis – São aqueles que Deus partilha conosco ou nos “comunica”.
São qualidades em que são encontradas semelhanças ou analogias na criatura,
especialmente no ser humano (estes atributos podem ser comunicados à criatura).
01 - Espiritualidade de Deus
Deus não é corpóreo ou tangível. Deus é uma pessoa, mas não possui uma natureza
corpórea, como os homens. “Deus é Espírito” (Jo 4.24) e “um espírito não tem carne nem ossos”
(Lc 24.39).
Porque os egípcios são homens e não Deus; e os seus cavalos, carne e não espírito (Is 31.3).
Deus não possui aparência material e é invisível a nós (1Tm 1.17). Por esta razão, ele
proibiu qualquer tentativa de representação física, através da confecção de imagens de
escultura (Ex 20.4). Quando Deus quis revelar-se aos homens, ele assumiu forma, como, por
exemplo, nas aparições do Anjo do Senhor (Gn 18.1-16; Ex 3.10-4; Js 5.13-15; Jz 13.3), no Antigo
Testamento (as chamadas teofanias). Entretanto, Jesus ensinou que ninguém jamais viu a Deus
(Jo 1.18). Quando alguém afirma ter visto Deus, não significa que viu a pessoa divina, em sua
essência, mas uma aparição divina; uma manifestação da sua glória.
Sendo Deus espírito, Ele pode ser adorado em qualquer tempo ou lugar. Ele pode ser
buscado e glorificado em todo o tempo e em quaisquer circunstâncias. Sendo Deus espírito, só
pode ser adorado através do espírito. Isto significa que Deus só poderá ser plenamente
adorado por aqueles que tiveram seus espíritos vivificados e completamente renovados pelo
Espírito Santo. (Jo 4:24; Ef 2:18).
02 - A Auto-existência de Deus
"Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a
eternidade, tu és Deus." Salmo 90.2
Deus sempre existiu. Deus não tem término ou fim (1 Reis 8:27; Atos 17:24). Ele existe
de um modo diferente do nosso: nós existimos de uma forma derivada, finita e frágil,
mas nosso Criador existe como eterno, auto-sustentado e todo-suficiente. Sua existência é
eterna e infinita, não há possibilidade de Ele cessar de existir.
Deus tem vida em si mesmo e tira de si mesmo a energia infindável e de nada
necessita. (Sl 90. 1- 4; 102.25-27; Is 40.28-31; Jo 5.26; Ap 4.10).
03 - A imutabilidade de Deus
Deus é sempre o mesmo. “Porque eu, o Senhor, não mudo”(Ml 3.6); “o Pai das luzes, em
quem não pode existir variação, ou sombra de mudança”(Tg 1.17).
Deus não está em crescimento ou formação. Deus não muda para melhor ou pior, Ele é
perfeito e perfeitamente santo, e não pode mudar. Ele nunca foi menos santo do que é e nunca
será mais santo do que é ou já foi.
Nele não há mudança nem sombra de variação (Tg 1.17).
Tudo o que Deus é Ele sempre foi e tudo o que Ele é e foi Ele sempre será. (Ap 1.8). O
termo hebraico Yahweh (Javé) é o nome que Deus designa a si mesmo em resposta ao pedido
de Moisés (Ex 3.13-15). Seu significado, “Eu sou o que sou”, que pode ser também traduzido
“Serei o que serei”, representa a fidelidade de Deus a seu povo e a infalibilidade de suas
promessas.
Deus não muda em Seus atributos, em Seus propósitos, em Suas promessas. Não se
desvia de si mesmo. Sua Palavra não muda (Mt 24.35; Is 40:8;55.11; Sl 89.34).Deus é fiel para
cumprir Suas promessas (Hb 10.23; 1 Jo 1.9; 2 Tm 2.13; 1 Ts 5.24; 2 Ts 3.3; 1 Co 10.13). Seus
planos são imutáveis e permanentes (Sl 33.11; Jó 42.2; Mt 13.35; 25.34; Ef 1.4,11; 3.9, 11; 2 Tm
2.19; 1 Pe 1.20; Ap 13.8).
04 - A infinitude de Deus:
Deus não tem limitações. Ele “habita em luz inacessível”(1 Tm 6.16).
Infinitude aplicada ao espaço -A infinitude de Deus em relação ao espaço é denominada
imensidão ou imensidade. Deus é imenso (Grande ou Majestoso; Jó.36:5,26; Jó.37:22,23;
Jr.22:18; Sl.145:3). Imensidão é a perfeição de Deus pela qual Ele transcende (ultrapassa)
todas as limitações espaciais e, contudo está presente em todos os pontos do espaço com
todo o seu Ser PESSOAL.
Infinitude aplicada ao tempo - A Infinitude de Deus em relação ao tempo é chamada de
eternidade. Deus é antes do próprio tempo. (Sl.90:2/ Hc.1:12/ Dt.33:27/ Is.40:28/ Jr.11:10).
B. Creio em Deus Pai (Paternidade).
Deus, como Primeira Pessoa da Trindade não foi criado e nem gerado. É o “princípio e o fim,
princípio sem princípio”; por si só, é Princípio de Vida, de quem tudo procede.
No judaísmo, Deus é chamado Pai porque é o criador, o governador e o protetor.
Muitas pessoas pensam em Deus como um Deus distante, ausente e impassível, que não sente
emoções. Mas o Deus da Bíblia é ao mesmo tempo infinito e pessoal. Por ser um Deus pessoal,
Ele interage conosco e sente emoções. Deus se alegra (Is 62.5), se entristece (Sl 78.40; Ef 4.30), se
enfurece (Ex 32.10). Além disso, Deus é Pai.
Deus, como Criador, manifesta disposição paternal para com todos os homens.
Historicamente Ele se revelou primeiro como Pai ao povo de Israel. Ele é o Pai de nosso Senhor
Jesus Cristo, a quem enviou a este mundo para salvar os pecadores e deles fazer filhos por
adoção. Aqueles que aceitam Jesus Cristo e Nele creem são feitos filhos de Deus, nascidos pelo
seu Espírito, e, assim, passam a tê-lo como Pai celestial (Jo 1:12).
Os Relacionamentos do Pai.
1. Pai de toda a criação (At 17:29).
2. Pai da nação de Israel (Êx 4:22).
3. Pai do Senhor Jesus Cristo (Mt 3:17).
4. Pai dos crentes em Cristo (Gl 3:26)
C. Creio em Deus Pai, o Todo Poderoso (Soberania,Onipresença, Onisciência e Onipotência).
Jeremias 23.24: "Ocultar-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? —diz o
SENHOR; porventura, não encho eu os céus e a terra? —diz o SENHOR".
C.1 - A Soberania Divina
"Mas ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu,
tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao
que vive para sempre, cujo domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em geração.
Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade,
ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa
deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?". Daniel 4:34,35:
Soberania ou Supremacia é um atributo pelo qual Deus possui completa autoridade
sobre todas as coisas criadas, determinando-lhe o fim que desejar (Gn.14:19; Ne.9:6; Ex.18:11;
Dt.10:14,17; ICr.29:11; IICr.20:6; Jr.27:5; At.17:24-26; Jd.4; Sl.22:28; 47:2,3,8; 50:10-12; 95:3-5; 135:5;
145:11-13; Ap.19:6).
Somos constantemente lembrados, em termos explícitos, que o SENHOR (Javé)
reina como rei, exercendo o seu domínio sobre grandes e pequenos, igualmente (Ex 15.18;
Sl 47; 93; 96.10; 97; 99.1-5; 146.10; Pv 16.33; 21.1; Is 23.23; 52.7; Dn 4.34-35; 5.21-28; 6.26;
Mt 10.29-31). O domínio de Deus é total: ele determina como ele mesmo escolhe e realiza
tudo o que determina, e nada pode deter seu propósito ou frustrar os seus planos. Ele exerce
o seu governo no curso normal da vida, bem como nas mais extraordinárias
intervenções ou milagres.
Deus governa o mundo e sua vontade é a causa final de todas as coisas, incluindo
especificamente a criação e a preservação (Sl 95.6; Ap 4.11), a vida e o destino do homem (At
18.21; Rm 15.32) e até os mínimos detalhes da vida (Mt 10.29). Deus reina em seu universo,
exaltado sobre todos os demais seres que reivindicam poder e autoridade. Ele e só ele é Deus:
“Eu sou o Senhor, e não há outro”(Is 45.6; 43.11; 44.8; 45.21). Deus, de Seu elevado ponto de
observação, vê e opera a história sem interferir com a liberdade do homem.
A soberania de Deus é expressa em três perfeições a ela relacionadas: Onipresença,
Onisciência e Onipotência.
C.2 – Onipresença -
Deus está presente em todos os lugares (Jr 23.23,24; Sl 139.7-10). Contudo, não
devemos pensar sobre Ele como se ocupasse todos os espaços, porque Deus não tem
dimensões físicas. É como espírito que Deus está em todo lugar. Não há um único ponto
em todo o universo onde Deus não esteja presente e onde Ele está, está com todo o Seu Ser e
não apenas uma parte dele. Deus está presente em toda a sua criação, mas é distinto dela,
diferentemente do que afirma o panteísmo (Deus é tudo). Deus, porém, age de modo diferente
em lugares diferentes.
Deus escolhe certos lugares para manifestar sua presença: o Céu é o lugar do Seu trono
(Sl 113.5). Ele não está mais presente em algum lugar do que em outro, mas manifesta a Sua
presença de modo especial (Mt 18.20).Quando o povo de Deus estava no deserto, a arca era o
lugar, geograficamente falando, onde Deus se manifestava em Israel e para Israel (Ex 25.21,22).
Quando a arca é levada pelos filisteus, Deus continua presente em Israel por causa da Sua
Onipresença, contudo, não mais se manifesta (1 Sm 4.17-22). Um exemplo da Onipresença
versus Presença manifesta é que Ele está presente, em uma sessão mediúnica por causa de Sua
Onipresença, mas Sua Presença não é manifesta ali.
C.3 – Onisciência -
Deus conhece todas as coisas, reais e possíveis. Mt 11:21.
“Deus conhece plenamente a si mesmo e todas as coisas reais e possíveis num ato simples
e eterno” (Grudem).
.
Pessoas que oram a Deus de toda parte no mundo estão à sua vista e recebem sua
atenção pessoal. Ele sabe todas as coisas. Nada é oculto de seu infinito entendimento (Hb 4:13;
Sl 147:5). Sendo onisciente, Ele sabe o fim desde o começo e pode, sem errar, predizer o futuro
(Is 46:10; 41:23). Exatamente como ele faz isto está além do nosso conhecimento (Rm 11:33).
Deus conhece tudo simultaneamente, sem precisar pensar, raciocinar ou contar algo
para saber seu número. Todo o conhecimento está presente na sua consciência (Sl 90.4; 2 Pe
3.8). Deus conhece o futuro (Is 41.26; 42.9; 46.9-10; 42.8-9; 1 Sm 23.10-14; Jr 38.17-20).
Deus conhece plenamente a si mesmo, Seu eterno e infinito Ser (1 Co 2.10-11).
Deus conhece todas as coisas no universo (Hb 4.13; 2 Cr 16.9; Jó 28.24; Mt 10.29-30).
Deus conhece todas as coisas que Ele criou (1 Jo 3.20; Dn 2.22). Seu conhecimento não se pode
medir (Sl 147.5; Rm 11.33).
Deus conhece cada detalhe do nosso ser (Mt 10.30; Ap 2.23) e todas as nossas
necessidades (Mt 6.8).Deus conhece as palavras que ainda vamos falar (Sl 139.4), os nossos
pensamentos (Sl 139.1-2). Conhece nossa vida antes mesmo de nascermos (Sl 139.16).Deus
conhece o coração humano (1 Sm 16.7; 1 Cr 28.9; Jr 17.10) e suas intenções (Ez 11.5; Sl 139.2-4;
Pv 15.11).
C.4 – Onipotência -
Deus possui todo o poder (Ap 19:6).
"Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado" (Jó 42.2).
Jó testifica que Deus é onipotente. Ele é o Todo-Poderoso. Deus tem poder para fazer
tudo aquilo que, em sua perfeita sabedoria e vontade, deseja fazer.
A onipotência divina refere-se ao seu próprio poder de fazer o que decidir fazer. O
Senhor Deus apenas fala e sua palavra não volta vazia (Is 55.11). Deus possui o poder ilimitado
para fazer qualquer coisa que Ele queira. Deus é a fonte da possibilidade e o que é possível é
determinado pela natureza de Deus. A onipotência divina não significa que Ele pode fazer uma
mentira ser verdade, ou que Ele possa pecar. Não há poder absoluto em Deus que opere em
contradição com Suas perfeições.Ele pode realizar tudo quanto está presente em Sua vontade
ou conselho. Entretanto há muitas coisas contrárias à natureza de Deus e, sendo assim, Ele não
pode realizá-las. Ele não pode mentir, pecar, mudar ou negar-se a Si mesmo (Nm.23:19;
ISm.15:29; IITm.2:13; Hb.6:18; Tg.1:13,17; Hb.1:13; Tt.1:3), isto porque não há poder absoluto em
Deus, divorciado de Sua perfeições, e em virtude do qual Ele pudesse fazer todo tipo de coisas
contraditórias entre Si (Jó.11:7). Deus faz somente aquilo que quer fazer (Sl.115:3; Sl.135:6).
D. Creio em Deus Pai, o Todo Poderoso, Criador do Céu e da terra
Este Deus Todo-poderoso é o nosso Criador. Pelo seu poder trouxe a existência tudo que
conhecemos, assim como o desconhecido.
D.1. Deus criou o universo
Essa é a inferência de Gênesis 1.1 que diz: "No princípio Deus criou os céus e a terra".A
frase "os céus e a terra" inclui a totalidade do universo, O salmo 33 também nos diz: "Mediante
a palavra do SENHOR foram feitos os céus, e os corpos celestes, pelo sopro de sua boca
[...] Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo surgiu" (Sl 33.6,9).
No NT encontramos uma afirmação de caráter universal no começo do evangelho
de João: "Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria
sido feito" (Jo 1.3). A expressão "todas as coisas" é mais bem entendida como referindo-se à
totalidade do universo (cf. At 17.24; Hb 11.3). Hebreus 11.3 diz: "Pela fé entendemos que o
universo foi formado pela palavra de Deus, de modo que aquilo que se vê não foi feito do
que é visível".
D.2. A criação é distinta de Deus e, todavia, sempre dependente dele.
A Bíblia ensina que Deus é distinto de sua criação. O termo usado para dizer que
Deus é muito maior que sua criação e independente dela é a palavra transcendente.
Deus está também muito envolvido com a criação, pois ela é continuamente
dependente dele para existir e funcionar. O termo usado para falar do envolvimento de Deus
com a criação é o termo imanente, que significa "permanecer em" a criação. O Deus da
Bíblia não é uma divindade abstrata removida da criação e sem interesse nela.
A Bíblia é a história do envolvimento de Deus com sua criação e particularmente com os
seres humanos criados.
"Em sua mão está a vida de cada criatura e o fôlego de toda a
humanidade" (Jó 12.10).
No Novo Testamento, Paulo afirma que Deus "dá a todos a vida, o fôlego e as demais
coisas" e que "nele vivemos, nos movemos e existimos" (At 17.25,28).
D.3. Deus criou o universo para mostrar a sua glória
"Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas
mãos" (Sl 19.1,2).
O cântico da adoração celestial em Apocalipse conecta a criação de todas as coisas por
Deus com o fato de que ele é digno de receber a glória que elas lhe conferem:
"Tu, Senhor e Deus nosso, és digno de receber a glória, a honra e o poder,
porque criaste todas as coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas" (Ap
4.11).
O que a criação mostra a respeito de Deus? Primeiramente ela mostra seu grande
poder e sabedoria, muito acima de qualquer coisa que poderia ser imaginada por qualquer
criatura.
"Mas foi Deus quem fez a terra com o seu poder, firmou o mundo com a sua
sabedoria e estendeu os céus com o seu entendimento" (Jr 10.12).

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

INTRODUÇÃO

Há um grande debate sobre a doutrina da Trindade no Antigo Testamento. Os Pais da Igreja afirmaram categoricamente que o Deus de Israel é Trino. Desconsideraram assim a revelação progressiva. Outros teólogos, em contrapartida, defendem que a doutrina da Trindade inexiste no contexto veterotestamentário. Existe também a afirmação de que embora no Antigo Testamento Deus seja Trino, ali a doutrina da Trindade não é manifesta de maneira tão clara. Assim, ensinar essa doutrina tendo por fundamento o Antigo Testamento é cristianizar por demais o texto.

É verdade que na antiga aliança não existe uma manifestação clara da Trindade. No entanto, podemos afirmar que a manifestação do Deus de Israel é plural. Muitos estudiosos até afirmam que essa pluralidade é apresentada porque originalmente o conceito de Deus surgiu num contexto politeísta. O pluralismo a respeito do divino apresenta-nos um resquício da crença politeísta1. Mas prefiro acreditar que essa pluralidade está de acordo com a crença cristã na Trindade.

Começaremos nossa discussão com Deuteronômio 6.4. O foco inicial é a palavra hebraica ehad “um”, “único”. Analisaremos também outros textos, para afirmamos que, apesar de Deus no Antigo Testamento ser Um, ele é plural, o que favorece a doutrina cristã da Trindade nos textos veterotestamentários.

1. A UNICIDADE DE DEUS – DEUTERONÔMIO 6.4
Como conciliamos a fé num Deus único expressa no Antigo Testamento com a afirmação de que ele é o Deus Trino? Ora, antes de tudo, deve ser afirmado que a crença cristã na Trindade não é a crença em três deuses, mas a crença em três pessoas que participam da natureza divina de maneira plena e integral. Assim, mesmo em Dt 6.4, onde lemos a afirmativa que Deus é único, podemos identificar o Deus Trino. Vejamos:

Shemá Israel YHWH Eloheinu YHWH ehad.
“Javé nosso Deus Javé Um”

Atentemos-nos para a palavra “um’. Na língua hebraica existem duas palavras que expressam unidade:
1) ehad “único”, “um”: “enfatiza a unidade, embora reconheça diversidade dentro da unidade”2.
2) Yahid: também significa “único”, “um”, mas se refere a uma unidade simples (singular) ou absoluta.

A palavra usada em Dt 6.4 é ehad! Sobre isso, Stanley Rosenthal afirma:


A última palavra hebraica da Shema ‘Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é único’ (Dt 6.4) é echad, que, embora traduzido por ‘único’, é um substantivo coletivo, em outras palavras, um substantivo que, embora, denote unidade, a classifica, pois, representa uma unidade que contém várias unidades. Poderíamos citar um bom número de exemplos. Em Números 13.23 lemos que os espias pararam em Escol onde ‘cortaram um ramo de vide com um cacho de uvas’. A palavra hebraica que aqui aparece como ‘um’, em ‘um cacho’, novamente é echad; porque, como é evidente, esse único cacho de uvas consistia em muitas uvas3.
Portanto, a palavra ehad seria uma alusão ao Deus único, mas que contém em si a diversidade de pessoas4.

Vejamos ainda ouros usos da palavra ehad:

Gênesis 2.24: Portanto, o homem deixa o seu pai e a sua mãe, e deve decompor-vos a sua mulher: e eles serão uma (ehad) carne. (grifo do autor)

Êxodo 24.3: E Moisés chegou e disse ao povo todas as palavras do SENHOR, e todos os acórdãos: e todo o povo respondeu a uma (ehad) voz. (grifo do autor).

Veja que nesses dois textos ehad é uma unidade na diversidade: uma carne (duas pessoas); uma voz (de muitas pessoas).

A título de exemplo, a palavra hebraica yahid é usada nos seguintes textos:
Jeremias 6.26: Ó filha do meu povo, cinge-te de saco, e revolve-te na cinza; pranteia como por um filho único (yahid), em pranto de grande amargura...(unidade simples).

Amós 8.10: ..., e calva sobre toda cabeça; e farei que isso seja como o luto por um filho único (yahid), e seu fim como dia de amarguras...(unidade simples).

Provérbios 4.3: Quando eu era filho aos pés de meu pai, tenro e único (yahid) em estima diante de minha mãe...(unidade simples).

Gênesis 22.2: Prosseguiu Deus: Toma agora teu filho, o teu único (yahid) filho Isaque, a quem amas...(unidade simples).

É verdade que a palavra ehad também pode referir-se a uma unidade simples:

Deuteronômio 17.6: "Pela boca de duas testemunhas, ou três testemunhas, aquele que merece a morte deve ser posto à morte; mas pela boca de uma (ehad) testemunha, ele não deve ser posto à morte."

Eclesiastes 4.8: "Há apenas um (ehad), sem uma companhia; sim, ele nem tem filho...".

Vê-se, então, que a palavra ehad pode se referir a uma unidade coletiva e a uma unidade singular.
Mas e quanto a Dt 6.4? A palavra ehad significa unidade coletiva ou unidade singular? É verdade que o versículo enfatiza o fato de que há um só Deus, e “Israel deve a ele sua exclusiva lealdade (Dt 5;9; 6.5)”5. . No entanto, outros pontos precisam ser considerados, para a afirmativa de que a palavra ehad alude a uma unidade na diversidade. Comecemos com uma explicação do nome Elohim.

2. O NOME ELOHIM
Elohim é a palavra hebraica que normalmente é traduzida em nossas Bíblias como “Deus”, e em alguns casos como “deuses”. Em Gn 1.1,26 a palavra hebraica está no plural, bem como os pronomes que a acompanham. Isso leva a teologia cristã a afirmar que o texto faz referência à Trindade (veja também Is 6.8a).

Muitos especialistas, no entanto, pensam que o nome Elohim é um plural majestático, pelo qual se quer enfatizar a grandeza do Deus de Israel. O “plural sem dúvida é um aumentativo de exaltação, frisando a majestade de Deus, e não a ideia de pluralidade de pessoas”6.

Entretanto, pode-se averiguar que uma plenitude plural é encontrada no Antigo Testamento com referência a Deus, o que indica a doutrina da Trindade.

Antonio Neves Mesquita afirma que não havia o uso do plural majestático na antiguidade7. “Assim, se Moisés dizia, desçamos, vejamos, façamos, e outras, era porque mais de uma pessoa estava sendo envolvida no ato. Não havia, podemos dizer, tal uso na antiguidade; tudo que se diz, nesse sentido, é pura invenção moderna”8. Esse mesmo estudioso diz que o pronome e o verbo no plural em Gn 1.27 indicam as três Pessoas da Trindade, pois está “de acordo com o teor geral da Bíblia de que as três pessoas da Santíssima Trindade tomaram parte na criação (Gn 1.2; João 1.1-5 e ref.)9. Assim, “é mais provável que o significado seja de uma pluralidade de personalidade, visto que Deus e o Espírito de Deus aparecem em Gênesis 1”10.

Outros pensam que o termo Elohim é um superlativo. Sobre isso, afirma Botterweck: “Provavelmente o plural não significasse originalmente uma pluralidade, mas uma intensificação. Neste caso, ‘elohim poderia significar ‘grande’, ‘o mais alto’, e finalmente, ‘apenas’ Deus, isto é, Deus, em geral”11.

Além disso, outros estudiosos têm afirmado que uma das formas de se expressar o superlativo na língua hebraica é o uso do plural. Assim, para se dizer que El é fortíssimo (El significa ‘forte’) usar-se-ia o plural Elohim (‘fortes’). Essa seria a razão de o verbo estar no singular (“e disse”) e o sujeito no plural em Gn 1.26.

Mas cabe afirmar que a teologia cristã tem interpretado o plural em Gn 1.26 como uma referência à Trindade. Agostinho assim procedeu.12 Mas, muito antes de Agostinho, o apóstolo João já havia afirmado que o Logos estava com Deus antes da criação, e que por Ele foram criadas todas as coisas (Jo 1.1-3)!

Portanto, a Trindade é manifesta no Antigo Testamento pelo nome Elohim. Nas palavras de Walter A. Elwell, o “plural do nome de Deus (Elohim), bem como o uso dos pronomes (Gn 1.26; 11.7), e dos verbos (Gn 11.7; 35.7) no plural assim indicam.”13

Há, ainda, outras razões para pensarmos que o nome Elohim alude a uma manifestação plural de Deus no antigo Israel: a manifestação ‘o Anjo’, da ‘palavra’, e do ‘Espírito’. Esses três são identificados com o próprio Deus.

3. O ANJO DO SENHOR
No Antigo Testamento, o Anjo do Senhor é distinto de Deus, mas também é identificado com o próprio Deus. Ele aparece em Gn 16.7-13. As promessas feitas (v.10) claramente demonstram que o Anjo do Senhor não era um anjo qualquer. Em Gn 32.22-32 ‘o Anjo’ aparece para Jacó, e assim se identifica: “Eu sou o Deus de Betel” (v.13). Assim, ele se identifica com o Deus que se manifestou em Betel (Gn 28.18-22). Em Gn 48.15-16 essa idenficação é objetiva:

"O Deus em cuja presença andaram meus pais Abraão e Isaque,
o Deus que me sustentou durante a minha vida até este dia,
o Anjo que me tem livrado de todo mal, abençoe estes rapazes; seja neles chamado o meu nome e o nome de meus pais Abraão e Isaque; e cresçam em multidão no meio da terra.”

Outros textos poderiam ser citados (Êx 3.2, as esses bastam para a afirmação de que o “Anjo do Senhor” no Antigo Testamento é Deus. É uma pessoa distinta na divindade.

Muitos estudiosos afirmam que essa identificação do Anjo do Senhor com o próprio Senhor é uma interpolação tardia no texto bíblico, feita para evitar uma descrição do Deus de Israel excessivamente antropomórfica.

A meu ver, no entanto, o Anjo do Senhor é mais uma evidência de que a manifestação divina é plural. “Isso aponta para distinções pessoais dentro da Deidade.” 14

É curioso que as aparições do ‘Anjo do Senhor’ terminaram após a encarnação de Cristo. Muita coincidência, não!? No Antigo Testamento, o Anjo do Senhor acompanhou Israel na caminhada pelo deserto (Êx 14.19; cf.23.20). O Novo Testamento diz que a Pedra que seguia Israel era Cristo (1Co 10.4).

4. A PALAVRA
Além do Anjo do Senhor, que no Antigo Testamento se apresenta como Deus, há outro elemento que contribui para pluralidade da manifestação do divino: a Palavra, participante da criação (Sl 33.6; 107.20).

No Sl 33.6 lemos:

Os céus por sua palavra se fizeram,
e, pelo sopro (ruah) de sua boca, o exército deles.
H. J. Kraus diz que a palavra criativa do Senhor traz à existência os céus e a terra. “Há uma correspondência intrínseca entre o Espírito de Deus e o fôlego da vida procedente da boca de Deus, e a palavra de Deus com o sopro de sua boca (Is 11.4)”.15

Mas a teologia cristã afirma que há muito mais do que uma correspondência entre Deus, o Espírito e a palavra. “A palavra não é simplesmente uma comunicação a respeito de Deus, nem o Espírito é um mero poder divino. São, pelo contrário, o próprio Deus em ação”.16

Mesquita afirma que os antigos rabinos acreditavam na divindade do Messias.17 Essa afirmação é feita a partir de uma interpretação do Sl 2.7 enquanto uma alusão ao Messias Filho de Deus, bem como a partir da identificação do Anjo do Senhor como sendo o próprio Senhor. Além disso, o fato de o Novo Testamento ser “escrito por judeus, é uma prova que eles acreditavam no Messias divino”, diz Mesquita.18 Oskar Skarsaune demonstrou veementemente que a cristologia do Logos Encarnado, encontrada em Jo 1.14, é oriundo não do mundo helênico, mas do mundo judaico.19 Isso significa afirmar que o judaísmo antigo interpretava a Palavra como mediadora da criação. Além disso, a crença judaica na Sabedoria como mediadora da criação nos textos apócrifos judaicos é tão parecida com a Trindade cristã, que quando os estudiosos procuraram um termo que explicasse seu papel — na relação com Deus único, e ao mesmo tempo externo a ele — “viram-se obrigados a recorrer à terminologia trinitária”.20

5. O ESPÍRITO SANTO
No Antigo Testamento lemos que o Espírito é Deus.
Vejamos Gn 1.2: “o Espírito pairava sobre a face as águas”. A palavra hebraica Espírito é ruah, que significa ‘vento’, espírito, ‘Espírito’. Alguns comentaristas pensam que Gn 1.2 deveria ser traduzido como “e um vento de Deus pairava...”.
Mas outros textos bíblicos demonstram a participação do Espírito na criação (Is 63.10; Sl 33.6; Sl 104.30). Wilf Hildebrandt afirma que o “Salmo 33.6 é uma reflexão de Gn 1 e assevera que o evento da criação foi resultado da palavra falada de Deus trazida à realidade pelo seu ruah”.21 Hildebrandt mostra que a frase ruah ’elohim (Espírito de Deus) “ocorre quinze vezes em hebraico e cinco vezes em aramaico. Ela nunca é traduzida como ‘um vento poderoso’ ou ‘um vento de Deus nestas ocorrências”.22 Conclui-se assim que em Gn 1.2 o ruah é o Espírito de Deus, que também é agente na criação.

CONCLUSÃO
Pudemos averiguar que a manifestação de Deus no Antigo Testamento é plural. Assim, sou levado a concluir que palavra ehad usada em Dt 6.4 alude a uma unidade na diversidade. Isso é evidenciado pelas seguintes idéias: o uso plural do nome de Deus; a associação do Anjo do Senhor e da Palavra Criadora com o próprio Deus; e o Espírito Criador. Mesmo que a palavra “Trindade” não apareça na Bíblia, o Deus do Antigo Testamento é Trino. A Trindade, portanto, é apresentada no Antigo Testamento, ainda que de forma incompleta.
Termino com as palavras de John Theodore Murller:


Não afirmamos que haja no Antigo Testamento a mesma clareza e evidência de testemunhos referentes à Trindade que há em o Novo Testamento; todavia asseveramos que tanto se podem como se devem citar do Antigo Testamento alguns testemunhos para exposição da doutrina da Trindade, visto que assim sempre se revelou desde o começo, a fim de que a Igreja de todos os tempos o pudesse conhecer, adorar e bendizer (...) como as três pessoas distintas numa só essência.23

Autor: Luciano R. Peterlevitz

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A Seita Maranata

1. Utilização sistemática e fundamental da Bibliomancia (de olhos fechados, abre-se randomicamente um livro, e a esmo ler um fragmento de um texto ou versículo, dependendo do teor, positivo ou negativo, se obtém, supostamente, a resposta divina - chamada pela Denominação de “consulta à palavra”). É o meio pelo qual utilizam para resolver questões, dúvidas, a respeito de aquisições de bens e obter direções para áreas da vida pessoal (profissional, espiritual e sentimental); bem como é o meio que usam para “consultar a Deus” sobre a procedência de dons espirituais (visões e revelações) concedidos pelos membros; e, por fim, para tomar conhecimento se Deus aprova ou reprova determinada decisão administrativa da Denominação;




2. A dogmatização de uma frase, isto é, transformada em reza, chamada “clamor”, a qual consiste em iniciar orações petitórias recitando, fundamentalmente, a frase “Clamamos pelo poder do sangue de Jesus”. Toda atividade iniciada com uma devida oração é obrigatório, de antemão, o recite de tal reza, seja essa atividade espiritual ou secular, seja nas dependências da instituição ou não, enfim, sob pena de Deus não atender à oração - abençoar o pedido que estar a ser feito – justificam. Esquecendo ou ignorando tal frase, imediatamente, o orador é interrompido por um adepto atento, o qual, então, recita a reza devidamente; porque, assim não recitando tal frase, a igreja ou, se for o caso, o pedinte, não foram purificados dos pecados pelo poder do sangue, logo, não irão ser abençoados ou não estarão aptos para realizar o que, afinal, estejam a fazer em nome de Deus;




3. Os Cultos são rigorosamente cronometrados em 30 minutos, por vezes chegam a 45 minutos. Tolerável, porém, quando é o próprio pastor ou um eloqüente pregador que ministra a palavra. Ocorrem severamente todos os dias da semana, exceção de sexta-feira, que deve ser o culto da família. Alegam que toda essa rotina é revelada pelo Senhor, por isso, exaltam-se a si mesmo desfazendo dos cultos das demais Denominações que chegam a 02 horas ou mais e que somente ocorrem em alguns dias da semana. O protocolo dos cultos deve seguir piamente o que é determinado: ministração de 05 louvores (uma ou duas glorificações entre os hinos), posteriormente, a mensagem de 15 a 30 minutos, no máximo. Assim também são os cultos nas famílias (sexta-feira), que devem seguir o formalismo e o protocolo da Denominação, porém, reduzindo para 02 ou 03 louvores (uma glorificação e uma intercessão) e uma mensagem de 05 minutos ou leitura de um versículo. Bater palmas, gritos de júbilo e louvar em pé são terminantemente proibidos sob pena do adorador ser convidado a se retirar do local, pois afirmam que é carnal, irreverente e libertino tal expressão de louvor: “é coisa de “movimento”, da “religião”, que quer trazer o mundo para a Obra”, afirmam. Os cultos se processam com formalismo e reverência extrema, e muita mecanização;




• O Culto-Profético consiste no “momento de busca” a Deus de “dons espirituais” a respeito das necessidades do subseqüente culto principal. A composição, geralmente, é de, no mínimo, 03 membros (para a “consulta” dar certo), permissivo somente àqueles que são batizados na Denominação, ou que já fizeram o “Seminário de Principiantes”. É realizado 30 minutos antes de todos os cultos, e perdura comumente 15 minutos. As ditas “revelações” são dadas com caráter adivinhatório para saber quem, como e por que a pessoa, normalmente o visitante, estará no culto principal; por meio das quais, no final, sempre o Senhor (ou um anjo) supostamente dará a benção a certa pessoa presente. Por revelação, também, determinam quem serão os “varões” que ministrarão o louvor e a mensagem. As “visões”, por sua vez, são dadas com cunho metafórico, ilustrativo e também adivinhatório, seguidas pela interpretação dos ouvintes, que eles chamam de “discernimento da visão” (ou dos dons), as quais também são a respeito de visitantes ou membros que estarão no culto principal. Não é permitido o culto não haver “dons”,. Tem que ter. Para tanto, os pastores cobram do corpo de membros que “busquem” cada vez mais dons espirituais e apresentem no Culto-Profético, sob pena da igreja ser reprimida ou aquele que está em falta ou não é “usado” ser estigmatizado como réprobo espiritual;




• A Consulta dos dons (visões e revelações) é realizada, fundamentalmente pela “consulta à palavra” (Bibliomancia), para qual, apresentado o dom, alguém, presente no culto-profético, obrigatoriamente se levanta para recitar o “clamor” e orar para abençoar a “consulta”, de modo que, logo em seguida, 03 consulentes abrem as suas Bíblias, e cada um ler um versículo, revelado a esmo. Segundo eles, dependendo do teor dos versículos, obtém-se a resposta da procedência dos dons espirituais, na melhor de 03 leituras de versículos. Por exemplo, se dois lidos tiverem teor positivo e um negativo, é “amém”, o Senhor aprovou, caso contrário, não aprovou. Porém, independente da resposta dada pela “consulta”, o dom espiritual sujeitar-se-á à vontade do pastor ou ungido, que eles justificam pelo dogma ministério acima dos dons;




4. Imposição indireta (através “revelações”, “sonhos”, “orientações” – sob chantagem para realizar certas atividades) de Usos e Costumes: Homens devem está sempre com o rosto feito, com exceção do bigode que é permitido; bem como, em regra, é impelido o uso de roupa formalista; mulheres devem, expressamente, se ataviar apenas com vestidos e saias, e, alguns casos, o uso de certos adornos como brincos de argola são proibidos. Os membros só são considerados espirituais, “na revelação”, obedientes a Deus, conseqüentemente, fiéis e postos como permissivos para atividades e funções na Denominação se, e somente se, estiverem e seguirem piamente com tais conformes. Segundo eles, observar tais usos e costumes é ter “aparência de servo”, “andar na revelação” ou porque “entendeu a Obra”;




5. O Batismo nas Águas só é permitido caso o membro seja aprovado por Deus – “Se o Senhor permitir” - através da revelação da “consulta” (Bibliomancia) realizada pelo “Grupo de Intercessão” (composto por membros considerados, aparentemente, os mais espirituais da igreja local – pastores, ungidos e suas esposas, diáconos e alguns obreiros e senhoras). Deus, segundo eles, revela a tal grupo que determinado neófito está apto ou não para “descer às águas”. Caso Deus aprove, será batizado; caso contrário, aguardará alguns meses até ser, novamente, submetido à “consulta” quando for período de batismo, para testificar se, agora, Deus permite ou não se o neófito pode, finalmente, batizar;




6. O Batismo no Espírito Santo é feito de modo similar ao anterior, mas agora de forma pessoal pela Bibliomancia. No final do “Seminário de Principiantes”, na última aula, os neófitos presentes são convidados a realizarem a “consulta” particularmente, com o “clamor” antes devidamente recitado, a fim de obterem a “resposta de Deus” se eles, cada um dali, receberam o “Batismo no Espírito Santo”. O teor do versículo (a resposta) será devidamente aferido por um diácono ou pastor. Em caso de passarem pelo crivo da Bibliomancia (versículo com teor positivo), estarão aptos para ir aos próximos seminários; caso contrário, terão que aguardar um tempo, em espera ao próximo “Seminário de Principiantes” para repetir tal alto, para assim, quem sabe, ser finalmente “Batizado no Espírito Santo”. Frisa-se que a reprovação do neófito nesse “Batismo” (versículo de teor negativo), de antemão, já o proíbe automaticamente de “batizar nas águas” – “o Senhor não permitiu”;




7. Espiritualização ou veneração de objetos, tais como, arranjos de flores, o púlpito e o terno e gravata, usados pelos “varões” que possuem cargos na Denominação:




• O Púlpito só pode ser utilizado por homens; já que mulheres quando pregam à igreja, em “culto de senhoras”, é obrigatório que fiquem ao lado do púlpito, sem jamais ministrar sobre ele, assim, deixando-o, ali, vazio. Frisa-se, também, que ao iniciar o culto, recitando o “clamor”, é devido que todos estejam prostrados em direção ao púlpito, logo, é proibido que algum membro dê às costas a ele; ainda que ninguém esteja sobre Púlpito, no caso, em “cultos de senhoras”, é determinado que a senhora que ministrará a palavra, ajoelhe-se voltada para ele. Também, homens que exercem o cargo de “obreiro” que no passado foram divorciados, seja antes ou depois da conversão em Cristo, não importa, jamais devem subir a púlpito. O púlpito é tipo do altar de Deus, onde o Espírito Santo está, por isso que todos devem se voltar ao púlpito quando prostrados - defendem;




• O Arranjo de Flores sobre o púlpito é radicalmente obrigatório para o processamento dos cultos, reuniões e aulas nos templos e auditórios; o qual deve ser ordenado somente com flores ou rosas naturais, sob a justificativa de não desagradar a Deus, proibido, assim, o uso das artificiais. Bem como é terminantemente proibido qualquer pessoa da igreja tocar no Arranjo de Flores, pois, segundo eles, é uma tarefa revelada pelo próprio Deus para que somente determinadas senhoras da igreja, consagradas para esse serviço, possam tocá-lo, ordená-lo, prepará-lo e pô-lo e retirá-lo do púlpito. O mesmo vale para a toalha que fica sobre o púlpito. Reputam como algo sacrílego um homem, mesmo o pastor, tocar no “sagrado” Arranjo, a não ser que sejam essas “consagradas” senhoras. Tipificam o Arranjo de Flores como um objeto consagrado para ofertar-se a Deus: é tido como o tipo do Espírito Santo. Inclusive, alguns membros depreciam outras Denominações por não utilizarem Arranjos sobre o púlpito;




• O Terno e Gravata é traje eclesiástico obrigatório, pois alegam que obtiveram uma revelação de Deus de que ao se ataviarem com requinte perante as autoridades seculares, assim também, devem fazer perante a Autoridade Divina, por isso, só quem pode subir a púlpito, orar para visitantes, em cultos principais (à noite) são pessoas impecavelmente trajadas de terno e gravata;




8. A Idolatria é vigorosa, mas muito sutil e imperceptível pelos membros; veneram, espiritualizam e estimam exarcebadamente os patrimônios da Denominação, como “santos” e “sagrados”, dignos de serem depositados sobre eles até mesmo amor; inclusive em detrimento do ser humano, do próximo. Segundo eles, toda a arquitetura desenhada, a estrutura e os locais onde são erguidos são provenientes de revelação de Deus, “consultados”. Inclusive, a mobília padronizada segue, também, um padrão estabelecido pelo próprio Senhor Jesus.




• Os Templos são considerados e espiritualizados como a “Casa de Deus”, como é no judaísmo e no catolicismo, por isso devem os membros demonstrar todo amor, cuidado, apreço e zelo por ele; com efeito, se portando com extrema reverência e seriedade para não cometer algum sacrilégio; até mesmo quando não estiver havendo atividades neles. Uma vez dentro dos templos, em regra, não podem demonstrar alegria, descontração, naturalidade e espontaneidade, mas o comportamento deve ser formal e protocolizado. Sobre a arquitetura dos templos padrões, em forma de chalé, alegam que foi devido a uma revelação do Senhor a seus líderes, que assim era o modelo que o Altíssimo queria para os templos de sua “Obra”;




• Os Maanains, sítios onde membros se isolam da civilização para receberem doutrinamento, são estimados como lugares separados por Deus aqui na Terra para o adorarem. É considerado como “um pedacinho da eternidade”, “onde a Obra tem mais alcance” e “onde Deus fala de forma especial”. Ressalte-se que por serem tão “sagrados”, a rigor, é proibido a entrada de pessoas, de acordo com a visão deles, inadequadamente mal trajadas (informais e intrigantes) ou que não se libertaram do mundo, a saber: homens vestidos de bermuda (ainda que estejam a trabalho de limpeza e manutenção) ou barbado; mulheres de calças compridas ou bermuda, pois é um lugar “santo” e “sagrado” que deve ser respeitado e reverenciado. Assim como maltrapilhos, travestis, pessoas que ainda alimentam o tabagismo ou alcoolismo, não podem freqüentar o “santo lugar”. Estimulam o amor a este patrimônio – “devemos amar o maanaim” – por ser um presente de Deus a Obra, para eles cuidarem. Trabalhar em mutirões e manutenções do maanaim, voluntariamente, afirmam aos membros que é um privilégio para se alcançar bênçãos, pois Deus zela por ele, e por isso, satisfeito, agracia os membros em vitórias na vida estudantil, espiritual, financeira e matrimonial. Por ser um lugar “separado por Deus”, alegam que é muito comum anjos e querubins serem vistos caminhando e sobrevoando por lá dada a tamanha santificação do local, afirmam;




• A Obra é o apelido do sistema religioso da ICM. A idolatria a instituição em si é intensa, enquanto arcabouço de patrimônios, dogmas e costumes, enfim, o sistema. É altamente suscitada nos corações dos adeptos a paixão à Denominação, principalmente, em seminários e aulas nas chácaras, onde se exalta muito as virtudes da “Obra” (ICM), em desfavor das demais Denominações, que, de pronto, são rebaixadas e reprovadas espiritualmente. Ainda que se desculpem que a “Obra”, na verdade, é o projeto de Deus na vida do homem e que pode haver em outros lugares, na prática mesmo, esse projeto se canaliza tão-somente no próprio sistema religioso da ICM. Constatação material é que só se referem à ICM como à “Obra”: “igrejas da Obras”, “louvores da Obra”, “pastores da Obra”, “só a Obra conhece os segredos”, “só a Obra não cobra dízimos”, “só a Obra tem o segredo do clamor”, “só a Obra conhece a revelação do [livro de] Cantares”, “só a Obra tem o jejum de acordo com o horário da Eternidade”, enfim. Falar mal da ICM é mesma coisa que falar mal da “Obra”, ao passo que falar mal de outra Denominação não é falar mal da obra de Deus, por exemplo. Falam muito, mas muito esse nome “Obra”, até mesmo mais do que o nome de Jesus. A Salvação em Cristo depende não apenas da fé e uma vida pautada na Palavra, mas, para eles, a pessoa deve viver a “Obra como forma de vida”, o que, em suma, significa viver seguindo draconianamente o legalismo do sistema, como um membro dependente do que o sistema dita ou não dita. Esse ídolo “Obra”, que eles escrevem como nome próprio mesmo (“o” maiúsculo), interpõe-se, na vida prática religiosa deles, como uma quarta pessoa da Trindade – Pai, Filho, Espírito Santo e a “Obra”;




9. O Fundamentalismo de tolherem seus membros nas orações o uso de expressões como “Paizinho”, “Papai do Céu”, “Muito Obrigado” e “Obrigado”, uma vez que não há tais palavras na Bíblia, não se devem proferir – justificam. Bem como, é considerado falta de respeito dirigir-se a Deus de tal modo, alegam que é “chulo” e coisa de “crente da religião”. “Eu te amo Jesus!” e derivadas, também, é uma expressão em oração proibida, pois a reputam como carnal e emotiva, logo, Deus não aprecia essa forma coloquial e informal de dirigir-se a Ele – apregoam. Falar também “diabo”, “Satanás” e outros nomes referentes ao Adversário de nossas almas é reprovável e escandalizável, dizem que é invocá-lo ou respeitá-lo, assim, referindo-se a ele exclusivamente como “o Inimigo” ou “o Adversário”.




• Esportes e Lazer não são algo naturalmente aceito pela Denominação, antes são vistos como algo inclinável à libertinagem. Praticar atividades como musculação, trilha, ciclismo, corrida, natação e ginástica são rigorosamente reprováveis pela liderança e membros fundamentalistas. Alguns raríssimos ministérios, porém, não abominam, mas também não vê com bons olhos, mas sem farisaicamente acusar como pecador o praticante. Já esportes ditos radicais (surfe, skate, patins etc.) taxativamente são abomináveis. Alegam que pelo fato dos praticantes possuírem posturas irreverentes, logo, não condiz que um “servo” adote tal esporte. Inclusive, profissionais e competidores desses ramos que passam a congregar na Denominação são, jeitosamente, induzidos a abandonarem tais atividades sempre sob o subterfúgio que “o Senhor revelou”;




• Artes e banalidades tradicionais em geral são consideradas como “opressão”. Cinemas são terminantemente proibidos pela liderança da Denominação, alegam que é sentar-se com escarnecedores, embora, intrigantemente, em restaurantes não inclinem para tal conclusão. Teatros, por sua vez, são demonizados duas vezes mais, sendo alvos de escárnio em aulas e pregações. Filmes da Disney também são proibidos, desenhos animados também são reprovados pelo Presbitério. Alguns brinquedos, como os produtos da Hellokit (que dizem ser a representatividade de um demônio) também são combatidos junto aos pais e crianças;




• Alimentos são proibidos a depender de sua origem e rótulo. Alimentos provenientes de festas juninas são coibidos pela Denominação, pois alegam que, por serem oriundos de uma festa idólatra, ingeri-los é pecado e pode trazer uma maldição para a vida do crente. O mesmo vale para ovos de chocolate em função do período da “páscoa” (mas outros produtos de chocolate, que não seja referente ao “coelho da páscoa”, pode comer). Tais alimentos se forem ingeridos pelos membros podem lhes trazer juízos por parte de Deus, pois comeram algo proveniente de uma idolatria ao “coelho da páscoa”, a uma festa pagã. Também, a maionese hellman’s (devido à tradução do nome) é um tempero do diabo para oprimir os “servos da Obra” - justificam.




10. O Exclusivismo é gritante, visto que, segundo eles, o fundador de sua Denominação foi o próprio Jesus Cristo, mediante uma revelação extraordinária a 06 dissidentes presbiterianos que receberam o Batismo no Espírito Santo na década de 60, em Vila Velha, Espírito Santo. Inclusive, pelo fato da Denominação ter nascido nesse Estado, acreditam que não foi por acaso, mas sim como uma obra divina. Essa revelação consistia em estabelecer novamente o Corpo de Cristo, segundo eles, perdido há tempos, vivido tão-somente no período da Igreja Primitiva, pois foi extirpado durante o Romanismo e o Protestantismo. Alegam que, num dos momentos de busca, esses 06 homens foram visitados por um anjo que lhes entregaram uma pasta com todas as orientações para reformarem o Corpo de Cristo e fundarem a “Igreja Fiel”, a Noiva que será arrebatada. Reputam ser os únicos que exercem plenamente os noves dons espirituais (se prendendo aos mencionados em Coríntios), enquanto as demais Denominações carecem de alguns ou abominam todos, por isso se autointitulam de a “Obra Revelada” ou “Obra Maravilhosa”, muito comum, também, proclamarem, quando isolados, “a Obra é filho único” ou a “Igreja Fiel”;




11. A Intolerância Religosa é aberrante. Consideram que todas as demais denominações estão contaminadas com pragas desse mundo, motivo pelo qual as definem como “Tradição”, “Mescla” e “Movimento”, ou, simplesmente, a “Religião”. Rotulam os membros das demais denominações de “primos”, “amalequitas”, “bodes”, “filhos de Baal”, “religiosos” etc. Apregoam que se associar com qualquer um que professe uma fé cristã que não esteja sob o domínio do Presbitério da Denominação (PES), ou seja, que “não é da Obra”, é taxativamente, segundo eles, praticar o próprio “Ecumenismo”. Às vezes, em pregações de autodefesa, pelas críticas que estão a sofrer, afirmam que admitem que algumas denominações “tem Obra”; embora, contraditoriamente, não permitem que seus membros visitem, comunguem, confraternizem com outras denominações;




12. O Sectarismo é intenso, pois não permitem que membros engajados à Denominação sequer possam visitar outros grupos religiosos, por mais que tais grupos sejam sérios e compromissados com Deus. Coíbem o relacionamento afetivo, a fraternidade corriqueira e casamentos de seus adeptos com os de outras Denominações. Afirmam que “Namoro só na Obra”, “Amizade só na Obra” e “Confraternizações só na Obra”. Até mesmo casamentos, batismos, confraternizações ou ordenações de ministério de parentes e conhecidos em outras Denominações, são seus membros compelidos expressamente de não irem;




13. O Proselitismo é bastante suscitado. Uma vez que se consideram os únicos detentores da plenitude e da ciência real e verdadeira do Espírito Santo, motivam seus membros “a pescarem nos aquários dos outros”, segundo eles, com o fim de libertarem as pessoas do “cristianismo falido” ou da “religião”. Sim, generalizam tudo e todos. Convidam evangélicos de outras Denominações para lhes visitarem, inclusive pastores, mas, contraditoriamente, é proibido aos membros aceitarem convites de outros grupos;




14. O Autoritarismo é vigoroso de tal modo que pastores e “ungidos” (cargo probatório para a ordenação a pastor) são acobertados pela aura da “unção”; dessa forma, jamais podem ser questionados, discordados e desobedecidos, sob pena do desobediente incorrer ao pecado do “tocar nos ungidos do Senhor”. Ainda que digam que são pastores de Jesus, seus poderes e autoridades são fundamentados no sacerdócio veterotestamentário, pois são postos como mediadores entre Deus e o povo; pois suas palavras, ordenanças, enfim, a sua autoridade são embasadas em “revelações”, “visões”, “sonhos” e “profecias” de Deus sobre a vida alheia. Na prática, portanto, os pastores da “Obra” são como “canais” ou mediadores entre Deus e a igreja;




• A Cobertura Espiritual, então, é doutrina da Denominação. Pessoas são diretamente subalternas e subservientes ao pastor da igreja local, tendo que sempre se justificarem para eles das suas decisões de faltar o culto ou outra atividade; bem como sempre pedindo seu aval em viajar com a família, evangelizar, realizar determinados cursos em hora de atividades da igreja etc. Namoros e casamentos, também, só serão aceitos se passar pelo crivo do pastor, posteriormente, sua permissão; observado também a opinião do Grupo de Intercesssão. É muito comum namoros serem terminados por ordens de pastores, e casamentos serem proibidos por eles, às vezes, até terminados, sempre embasados supostamente em revelações de Deus. Essas revelações são mais comuns vindas do ministério, mas também podem vim de diáconos, obreiros, senhoras e professoras, mas sempre passando pelo crivo do pastor. Em alguns ministérios, namoros e casamentos ainda são incitados por revelação de algum pastor, prática dogmatizada no passado pela Denominação; mas o Senhor, hoje, revogou - justificam;




• Ministério acima dos Dons é um dogma de alto cumprimento e pregação na Denominação. Consiste em que a opinião e a vontade do ministério (pastor e ungido) estar acima de quaisquer dons espirituais. Ainda que Deus – suponhamos - conceda um sonho, uma revelação sobre a vida de determinado membro ou mesmo sobre a vida do pastor, o pastor ou o ungido tem toda a autoridade de sustar esse dom espiritual; e ainda que esse dom tenha sido submetido ao crivo da “consulta” e dado positivo. Em suma, a vontade do pastor está acima da vontade do próprio Deus. Isso é facilmente observado nos “cultos proféticos” quando há supostas revelações para que determinado varão suba a púlpito, mas a autoridade do pastor pode sustar essa revelação em prol de sua opinião em escolher outra pessoa;




• Grupo de Intercessão é formado pelos membros, supostamente, mais espirituais da igreja local. Toda igreja local tem o seu. A composição é formada pelo pastor, ungido e suas respectivas esposas, os diáconos da igreja, e alguns obreiros, senhoras e professoras, visivelmente, mais engajadas e obedientes aos usos e costumes, dogmas e ordenanças da Denominação. Nele, essencialmente, é tratado sobre assuntos supervisionais, disciplinatórios e fiscalizatórios. A vida de cada membro da igreja é pauta dessas reuniões: seus erros, suas atitudes, suas obras são aferidas e valoradas pelo grupo. Por isso, é comum que membros desse grupo sejam incumbidos, pelo ministério, para vigiarem os passos dos certos membros da igreja, descobrir o que ocorre com cada um, fiscalizar suas vidas, averiguar como são fora da igreja etc. Nas reuniões, por fim, decidem se disciplinam, excomungam determinado membro, ou se agraciam com determinados funções e cargos. Essas reuniões têm alto apelo carismático, sempre o grupo embasando suas decisões por dons espirituais, claro, testificados pela “consulta” e pelo dogma “ministério acima dos dons”;




15. O Totalitarismo é extremado, haja vista que as suas “unidades locais” (assim denominadas pelo Estatuto da ICM, e não igrejas) espalhadas por todo o país e mundo estão plenamente subordinadas e subservientes aos quereres e ordens do órgão central da igreja, o Presbitério; o qual é absurdamente centralizador. Não há respeito pela individualidade e liberdade para o ministério local, tampouco há para com as características e necessidades da igreja local. Todos devem seguir pragmaticamente o modelo, as determinações e as ordens estabelecidas pelo Presbitério, pois, segundo eles, Deus é quem governa a igreja e usa tal órgão como seu representante. Mensalmente todas as “unidades locais” se reúnem para receberem doutrinamento do Presbitério, não pelos seus pastores locais, mas pelos 07 presbíteros do órgão central, mediante videoconferência. Semanalmente, todos os membros se deslocam para suas igrejas para serem recrutados e renovados na ideologia a fim de assistirem, via satélite, as diretrizes e inovações da ICM, pelo presidente e demais homens que compõem o Presbitério;




16. O Absolutismo é um apoio ao Autoritarismo e ao Totalitarismo, dado que para eles vingarem, é imperioso que os pastores e o Presbitério sejam acobertados da infalibilidade. Sobretudo o Presbitério que jamais admite os erros, sempre está certo, porque sempre age debaixo das ordens supostamente reveladas por Deus para cuidar da “Obra”, e os pastores, a seu turno, para cuidar dos membros das “unidades locais”;




17. Estabelecidos esses elementos governistas, a Hierarquia está em voga, a qual é extremamente baseada na filosofia militar, cujos cargos, seguindo a ordem crescente, são os membros, Professora, Senhora da Frente, Obreiro, Diácono, Ungido e Pastor, Coordenador do Pólo, Coordenador da Área, Coordenador Regional, Presbitério e o Presidente. Na medida do grau hierarquia, a obediência deve ser demasiadamente subalterna e submissa, tal como no militarismo, baseada em revelações de Deus e na “unção hierárquica” de que cada cargo é acobertado, sob pena de “tocar nos ungidos”;




18. A Censura é um meio sempre utilizado para proibir os membros a terem contato com literatura, alguns filmes, músicas em geral, ainda que sejam de caráter cristão; também é coibido a busca de estudos bíblicos sistemáticos, inclusive a Teologia Cristã é altamente discriminada, ridicularizada e abominada pelas pregações da liderança da Denominação. A literatura cristã também é altamente reprovada e coibida. Por outro lado, apostilas, vídeos, áudios de pregações, álbuns musicais da Denominação e livros de editoras das quais são vinculados, são comercializados em Maanains e distribuídos entre os membros. Todo produto da Denominação ou de grupos vinculados a ela (de propriedade de pastores próximos ao Presbitério) são estimados como “revelados”; ao passo que os produtos literários, musicais, didáticos, são tidos como “letra”, “religião”, “razão”, “teologia”, “sem-revelação” etc.;




• O Orkut é o meio que causa maior pavor ao Presbitério, pastores e membros, porque nele se encontra a comunidade de ex-adeptos (pastores, ungidos, diáconos, obreiros, senhoras etc.) - Já Fui Um Maranata - cujo conteúdo é bastante similar a deste espaço. Por isso, segundo eles, Deus havia revelado que o Orkut é uma arma do diabo para enganar os “servos da Obra”, por isso decretou que nenhum membro tenha acesso a esse meio de comunicação. E mais, segundo eles, a etimologia de Orkut vem do gaulês que significa: Ork: Potro e Ut: Inimigo - Potro do Inimigo;




19. O Escravismo é intenso. Toda a estrutura organizacional e administrativa da Denominação é edificada por trabalhos voluntários, salvos algumas exceções; bem como a manutenção de patrimônios fica a cargo dos trabalhos voluntários dos membros. Fazem isso sob o pretexto de estarem “fazendo a Obra”. Pois enquanto estão trabalhando para “Obra”, Deus está resolvendo os seus problemas. Em regra, Grupos de Louvores e Instrumentistas são submetidos a ensaios semanais rigorosamente. Obreiros, diáconos, senhoras de frente, professoras, pastores participam, severamente, quase todo fim de semana de seminários, mutirões de limpeza, reuniões, encontros de igrejas, sem contar as presenças diárias na Denominação, nos cultos da madrugada, ao culto de meio-dia, e rigorosamente à noite, para as suas atividades do culto convencional;




20. Os Meios de Graça é uma doutrina que, depois da Bibliomancia, é a mais importante da Denominação. São 05 Meios de Graça: Madrugada [cultos às 06h:00min da manhã], Jejum [de sábado para domingo, rigorosamente, de 00h:00min até às 09h:00min; sim, parte do jejum é dormindo.(?) Alegam que tal horário foi revelado pelo próprio Deus, pois está de acordo com o relógio da Eternidade], Louvor [somente os cânticos da Denominação são permitidos: são reputados como revelados direito da eternidade; assim, louvores de outros grupos, são considerados “cospel”, “da mescla”, “sem revelação” ou “do homem”], Oração [oração recitando sempre a reza do “clamor”, “segredo dessa Obra”, dizem] e Palavra Revelada [espécie de cabala, que ao decifrar supostos simbolismos (simbologia), tipos (tipologia) e números (numerologia), supostamente ocultos nas Escrituras, a pessoa foi agraciada com essa benção que a chamam de “Além da Letra”. Reputam que essa é a maneira que Deus se compraz em pregar a sua Palavra, mas só eles conhecem, pois dizem que é mais um “segredo dessa Obra”]. Os Meios de [obter] Graça devem ser feitos periodicamente para buscarem cada vez mais Graça. Alegam que só eles alcançaram tais doutrinas, logo, é um “segredo” que Deus revelou só para eles, dada o tamanho prestígio que eles conseguiram com Deus – apregoam. Embora apregoam que a Salvação e a Graça de Deus vem através da fé em Cristo Jesus, induzem que sem o exercício de tais meios, dessas obras (jejum, madrugada etc.), não adquiriram bênçãos, graça e vitória em Cristo. Portanto, eminentemente, tais “meios de graça” servem para adquirir bênçãos de Deus ou para vencerem tribulações do dia-a-dia do servo - justificam;




21. A Liderança e as Decisões Carismáticas: são todas, absolutamente, carismáticas. Isto é, todas diretrizes, seja administrativas, doutrinárias e organizacionais da Denominação são provenientes de “revelação” de Deus. Segundo eles, “nessa Obra” não há dedo do homem como a “religião”, pois tudo é revelado. Simplesmente tudo eles dizem que é Deus que revela. É muito comum, por isso, se notar a exaustiva repetição da frase “o Senhor revelou que...” para embasar suas decisões e afirmativas, seja qual for. Porém, quando resolvem mudar ou alterar alguma rotina , doutrina ou costume da Denominação, dizem também que é o próprio Deus que mudou de idéia, sob a justificativa de que a "Obra é dinâmica";




22. A Doutrina do Medo é extremamente implantada na Denominação. Não se pode questionar ou discordar da Liderança geral e nem do subseqüente superior hierárquico, sob pena de estar “tocando no ungido do Senhor” ou “blasfemando contra a própria pessoa do Espírito Santo”, uma vez que foi, teoricamente, o Espírito que revelou para pô-los em seus cargos eclesiásticos. Também, a doutrina do Fatalismo é apregoada massificamente, em defesa de “não poder tocar na Obra” (questionar ou discordar das doutrinas), “tocar nos ungidos” e “sair da Obra” (ser dissidente da Denominação), pois, em caso de desobediência, o resultado seria infortúnios decorrentes do “peso da mão do Senhor” e das investidas do “adversário” (como chamam o diabo). Proíbem, assim, que membros jamais continuem a fraternidade e a ligação com os dissidentes, sob pena de punições e excomunhão da Denominação. Apregoam a discriminação e a rejeição sobre os dissidentes, ainda que sejam os próprios familiares;




• As Punições são bastante rigorosas, as quais são advertência, cassação das funções e cargos (“banco”) e, em último caso, excomunhão. Todas as decisões, toda a doutrina que fora cuidadosamente elencada acima deve ser cumprida draconianamente pelos membros, sob prejuízo de sofrer tais sanções. Como toda e qualquer Denominação existe homens falhos, mas aqueles que caem em pecado escandaloso são julgados e excluídos. Sim, para eles existe pecadinho, pecado e “pecadão”. O pecadão é intolerante e imperdoável para eles;




23. Sobre Dinheiro, publicamente não é falado, como, por exemplo, são as cobranças de dízimos e ofertas na “Religião”, alegam. Adotam, porém, o estabelecimento do dízimo judaico, o legalismo dos 10% dos vencimentos, cobrados, indiretamente, em reuniões fechadas, em reuniões sobre batismo e em algumas aulas de Seminários, sob pena do “desacertado” ter as funções cassadas, e “diagnosticado” como “enfermo espiritual”. Em teoria, os pastores não são remunerados, pois eles não são “profissionais da Bíblia” ou “teólogos” (mas buscam a revelação de Deus), pois o certo é servir voluntariamente, já que a Bíblia não aprova isso - fundamentam (?). É muito comum eles se auto-elogiarem por causa dessa política camuflada;




23. A Maledicência e o Juízo Temerário são praxe, são demasiados sobre aqueles que abandonam a Denominação, pois, segundo eles, jamais alguém “sai da Obra” de forma nobre, honesta e fiel a Deus, mas são pessoas que estão em busca de libertinagem e mundanismo nas igrejas. É comum, também, em reuniões fechadas e seminários nos Maanains, os dissidentes serem taxados de “caídos”, “vadios”, “pedófilos”, “alcoólatras”, “prostitutos”, “porcos”, “roubadores de dízimos”, “defuntos”, “bodes”, “adúlteros”, “perderam a Salvação” e “foram para a religião” etc. Os que refutam suas doutrinas, por sua vez, recebem a acusação de “apóstatas”, “hereges”, “serpentes da internet”, “filhos do diado”, “pastores de si mesmos” etc.




24. A Linguagem Padronizada é extremamente comum entre os membros da Denominação. Possuem um dialeto assustadoramente padronizado e robotizado. O uso de jargões e clichês religiosos, próprios do meio deles, é algo corriqueiro e comum de se escutar. Esse problema do comportamento de manada, de consciência coletiva, da falta de identidade própria dos membros é decorrido muito da forma de pregação e ensino da Denominação que consiste em utilizar exaustivamente de discursos pautados na Linguagem do Não-Pensamento ou da Programação Neuro-Linguística, os mesmos meios utilizados por empresas de marketing de multi-nível e empresas super capitalistas em recrutamento de investidores e novos adeptos. Frases de efeito, bordões, frases prontas e repetitivas, repetição exaustiva de palavras são recursos massivamente utilizados pelos doutrinadores da Denominação. Além do que, algo que colabora bastante para tal formatação cerebral, é a indução expressa do isolamento social e religioso, coibindo qualquer interação espiritual com membros de outros grupos,




“Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas.” 2 Timóteo 4:3-4